Título: Uma nova face para o real
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 24/01/2010, Economia, p. 25

Cédulas terão primeira reforma após 15 anos: tamanho vai variar de acordo com o valor e cores devem mudar

O Banco Central (BC) está preparando, já para este ano, mudanças em todas as cédulas de real. Será a primeira vez que as notas serão revistas de uma só vez desde que a moeda foi instituída, em 1994. O objetivo é melhorar ainda mais a segurança do dinheiro brasileiro, evitando falsificações, e facilitar a identificação por parte da população.

Entre as alterações que estão na mesa, tem a simpatia geral a diferenciação de cada nota por tamanho.

Também poderá haver mudanças nas cores, mas sem troca total das características principais.

Quanto menor o valor, menor será o tamanho ¿ o que é muito importante para que deficientes visuais possam saber, com mais agilidade, com que nota estão lidando.

Na área de coloração, um mecanismo em estudo é o uso de uma impressão que, quando se mexe a cédula, os tons de cores mudam. Além disso, poderão ser incluídas impressões que aparecem somente com a incidência de determinados raios ou luzes. Essas ideias estão sendo inspiradas nas cédulas já consideradas bastante modernas, como o dólar americano e o euro.

¿ O real está merecendo upgrades.

A tecnologia para fazer o real era a mesma desde que ele foi criado ¿ afirmou ao GLOBO uma importante fonte ligada aos estudos.

Mas não haverá nenhuma mudança nas moedas metálicas.

¿ Elas já têm características mais definidas, de manuseio e identificação ¿ explicou a mesma fonte.

Troca será feita gradualmente

Os estudos para mudar as cédulas de real estão sendo tocados pelo BC, em conjunto com a Casa da Moeda, há cerca de seis anos. Nunca saíram do papel porque faltava tecnologia de ponta para fabricar notas mais modernas. Agora, esse problema não existe mais, porque a Casa da Moeda já conta com linhas de produção à altura, depois de fazer pesados investimentos, acima de R$ 400 milhões.

As novas máquinas são capazes, por exemplo, de melhorar a nitidez das notas, além de fazer impressões mais precisas para que a cédula seja identificada pelo tato.

Com a tecnologia antiga, conforme as notas vão se desgastando, essas marcas acabam ficando menos espessas, dificultando a identificação por meio das mãos.

As mudanças nas notas também terão como objetivo melhorar a logística dos agentes que atuam no meio circulante do país. A nota de R$ 20, por exemplo, lembrou uma fonte que também trabalha nas mudanças, possui uma faixa holográfica que, em alguns casos, pode trazer problemas de leitura nas máquinas que contam dinheiro. Com a nova tecnologia, essas faixas poderão ser menos aparentes.

Os técnicos que estão preparando as alterações nas notas de real já decidiram que nenhuma cédula será descontinuada ou criada com valores diferentes. Ou seja: continuarão circulando as notas de R$ 2, R$ 5, R$ 10, R$ 20, R$ 50 e R$ 100.

Além disso, as figuras que representam cada valor não serão alteradas.

Ou seja, a garça que está estampada na nota de R$ 5 será preservada, e assim por diante.

¿ O real é hoje uma moeda forte, estável. Não existe razão para fazer mudanças profundas, como alterar as figuras ¿ explicou outra fonte consultada pelo GLOBO.

O fortalecimento do real é, também, uma das razões das reformulações que estão sendo preparadas em todas as notas. Pesquisa do Banco Central já mostrou que pelo menos um terço da população já havia tido contado com cédulas falsas, índice considerado elevado.

Por isso, a necessidade de se combater esse crime.

Quando as alterações nas cédulas começarem a sair do papel, a troca pelas antigas será gradual.

Elas continuarão valendo e somente deixarão de circular naturalmente.

O trabalho de informação à população, acrescentaram as fontes, será o grande investimento que o BC terá pela frente, já que aquele voltado à melhora tecnológica na fabricação das notas já foi feito. Para tanto, deverão ser usados praticamente todos os meios de comunicação, como jornais, revistas, TVs e rádios.