Título: Renan surpreende oposição
Autor: Azedo, Luiz Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 03/06/2009, Política, p. 3

Instalação da CPI da Petrobras é adiada para amanhã depois de manobra do líder peemedebista. Mercadante minimiza crise. Renan (d): adiamento da CPI foi mais uma demonstração de força do líder peemedebista no Senado O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), fez mais uma demonstração de força e adiou para amanhã a instalação da CPI da Petrobras, numa manobra que surpreendeu a oposição. Foi um chega pra lá no ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, que tentou interferir na eleição do presidente e do relator da comissão de inquérito. ¿Estou pensando em convocar a reunião para quinta-feira, às 11 horas¿, anunciou o senador Paulo Duque (PMDB-RJ), no fim da tarde de ontem, depois de uma longa conversa com Renan.

No começo da tarde, Duque chegou 10 minutos antes da hora marcada para o início da CPI, tomou posição como presidente da instalação, por ser o senador mais velho, e abriu os trabalhos na hora aprazada. Deu 15 minutos de prazo para a chegada dos colegas e encerrou a sessão por falta de quorum. Somente o senador Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA) estava presente. O petista João Pedro (AM), cotado para ser o presidente, chegou atrasado. Álvaro Dias (PSDB-PR), o oposicionista mais empenhado em investigar a Petrobras, foi o segundo a dar com a cara na porta.

O líder do PT na Casa, Aloizio Mercadante (SP), ao saber do adiamento, reclamou da ¿desinformação¿ da imprensa e tentou escamotear a crise com Renan. Disse que os governistas haviam obstruído a reunião em protesto pela substituição do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) na relatoria da CPI das ONGs pelo líder do PSDB Arthur Virgílio Neto(AM). ¿Enquanto ele não reassumir a relatoria não daremos quorum¿, prometeu o petista. A versão, mais tarde, foi endossada por Múcio.

Ruído Não foi bem assim. Pela manhã, haveria uma reunião no gabinete do ministro de Relações Institucionais, no Centro Cultural Banco do Brasil, onde está funcionando provisoriamente a Presidência da República, à qual deveriam comparecer os líderes governistas. O objetivo da reunião era sacramentar o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), como futuro relator da CPI. Renan simplesmente não compareceu, irritado com o vazamento da reunião.

A conversa de Múcio com Renan acabou ocorrendo mais tarde, no gabinete do senador Gim Argello (PTB-DF), mas serviu apenas para prolongar o impasse. Renan desmente qualquer veto ao líder do governo, mas o fato é que não digeriu a indicação de Jucá para relator da CPI da Petrobras por Mercadante e Múcio, ainda mais porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no encontro com o líder do PMDB, não fez comentário a respeito.