Título: Lula costura aliança com PSB para sepultar candidatura de Ciro Gomes
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 26/01/2010, O País, p. 4

Objetivo é evitar divisão na base e garantir palanques fortes para Dilma

BRASÍLIA e RECIFE. Em conversas reservadas, o presidente Lula dá como certo o fim da candidatura presidencial do deputado e ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE). Por isso, vai aproveitar a viagem que fará amanhã, a Recife, para explicitar ao governador Eduardo Campos (PE), presidente do PSB, a necessidade de fechar já uma estratégia conjunta da base governista.

Lula deve dizer a Campos que não se pode repetir o erro da presidente chilena Michele Bachelet, que não elegeu o sucessor, após a divisão da sua base.

O presidente quer garantir palanques fortes para sua pré-candidata, Dilma Rousseff.

No núcleo do governo, a candidatura de Ciro é tratada como assunto sepultado. A avaliação é que, como ele não consolidou seu nome em outros partidos da base, o tempo de sua candidatura passou. Lula ainda recebeu a sinalização de dirigentes do próprio PSB de que não estão mais dispostos a fazer um sacrifício partidário para manter o nome de Ciro na disputa presidencial.

Em troca, os socialistas querem viabilizar alianças regionais para eleger uma bancada de cerca de 50 deputados (o dobro da atual), além de apoio incondicional para candidatos do PSB a governos estaduais.

¿ O tempo de Ciro está passando ¿ resumiu o líder do PT, deputado Cândido Vaccarezza (SP).

A preocupação é achar uma saída honrosa para Ciro, que volta hoje de viagem de férias a Portugal. Até porque ¿ apesar do que tem dito Lula publicamente ¿ o PT considera inviável a candidatura de Ciro ao governo de São Paulo. O próprio Ciro não gosta dessa opção.

Lula só estaria insistindo no discurso de tê-lo como opção em São Paulo para evitar uma reação inesperada do ex-ministro.

Os petistas estariam convencendo Lula de que o PT não pode ficar sem candidato próprio ao Palácio dos Bandeirantes.

¿ O prazo do PSB acertado com o presidente Lula para uma definição acaba só em março.

Mas é verdade que o ano eleitoral começou de forma antecipada, e já existe pressão por uma solução imediata ¿ admitiu ontem o líder do PSB, deputado Rodrigo Rollemberg (SP).

Presidente da Fiesp quer disputar governo de SP Em Recife, após reunião com Eduardo Campos, o presidente da Federação da Indústria de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, confirmou ontem que é précandidato ao governo paulista.

Ele disse não se importar com o resultado de pesquisa do instituto Vox Populi, em que tem 1% das intenções de voto: ¿ Vocês citaram a pesquisa, mas uma pesquisa em um momento como esse é uma fotografia do passado, não do futuro.

Estamos falando do futuro.

O presidente do diretório regional do PSB em São Paulo, deputado Márcio França, que participou da reunião, disse que Skaf saiu de Pernambuco muito mais candidato que ao chegar: ¿ Numa escala de zero a cem, eu diria que ele cresceu 80 pontos dos cem possíveis. A précandidatura evoluiu bastante.

Skaf disse que sua candidatura não está condicionada ao apoio petista: ¿ Se ele (PT) quiser estar conosco, nos acompanhar, será muito bem recebido. Mas minha candidatura independe do PT.

Campos afirmou que disse a Skaf que leve em conta a convocação do partido: ¿ É a grande oportunidade para eleição de novo ciclo em São Paulo ¿ disse o governador, acrescentado que o PT será procurado.

¿ Todo mundo que for disputar eleição em São Paulo deve buscar aliança com o PT.

Agora, se vai ter ou não, é decisão que cabe ao PT tomar.

COLABOROU: Letícia Lins