Título: Os participantes devem ser críticos
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 26/01/2010, O País, p. 12

Doutora em política pela Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais de Paris, a escritora Susan George se tornou um dos ícones do Fórum Social Mundial (FSM).

Em entrevista ao GLOBO, Susan defende uma economia verde, sustentável e geradora de empregos.

O GLOBO: Qual é a sua ideia sobre o futuro do Fórum? SUSAN GEORGE: Foi uma boa ideia dez anos atrás e é uma boa ideia hoje. Tem sido extremamente bem-sucedido na promoção de redes globais.

A senhora considera que o modelo da edição do FSM na Bahia, com a participação direta dos governos na organização, é uma possibilidade futura para o FSM? Como? SUSAN: O FSM não deveria nunca apoiar qualquer instituição, incluindo os governos, de forma incondicional e sem críticas. Naturalmente, as pessoas que estão perto do FSM têm preferências por governos que fazem mais para seu próprio povo. Muitos destes estão na América Latina. Mas os participantes do FSM devem se reservar o direito de serem críticos, mas com um espírito positivo de buscar a otimização e suporte em geral.

A senhora vai apresentar uma proposta específica para as edições brasileiras do Fórum em Porto Alegre e Salvador? SUSAN: Sim, eu tenho muitas propostas específicas que vou sublinhar, em especial no meu discurso na Bahia, na noite de 29 de janeiro.

Elas envolvem Finanças do Ambiente e diversos outros assuntos. Meu próximo livro será chamado ¿Suas crises, nossas soluções¿.

Qual a sua opinião sobre o Brasil diante da crise econômica mundial? SUSAN: O Brasil foi atingido pela crise muito menos do que outros países. Eu espero que ele se torne um modelo de desenvolvimento verde, pois seria um enorme reservatório de empregos e prosperidade. O desmatamento contínuo, no entanto, é alarmante e muito contrário aos interesses a longo prazo da distribuição de terras no Brasil, permanecendo um problema.

Qual será seu principal recado para os participantes do FSM? SUSAN: Estabelecer alianças. Nenhum de nós pode ganhar sozinho. Eu vejo os próximos anos como uma oportunidade de incluir mais grupos e pessoas do movimento crítico para um mundo mais democrático, verde e mais justo. (Soraya Aggege)