Título: Réus do mensalão: discretos na campanha
Autor: Damé, Luiza ; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 25/01/2010, O País, p. 3

Dirceu, Genoino e Cunha atuarão nos bastidores da corrida presidencial de Dilma

SÃO PAULO. Embora tenham praticamente garantido a volta à direção do PT, José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha devem atuar apenas nos bastidores da candidatura presidencial de Dilma Rousseff. O trio, réu no processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), dificilmente ocupará um cargo formal na coordenação da campanha da atual ministra da Casa Civil.

A cúpula do partido acredita que os três se tornariam alvos fáceis para adversários, principalmente do PSDB, que deve lançar o governador José Serra. Dirceu, Genoino e João Paulo concordam com a avaliação e também não pretendem pleitear nenhuma participação oficial, de acordo com um deputado federal que participou da reunião dos campos majoritários do partido no sábado, em São Roque (SP).

O parlamentar diz que ¿eles sabem que podem virar o foco (dos ataques) e, em vez de ajudar, acabariam complicando¿.

Apesar de não querer vê-los diante dos holofotes, o PT não pretende abrir mão da ¿experiência política¿ do trio. Dos três, Dirceu, que foi presidente da legenda e responsável pela articulação política do governo Lula quando era ministro da Casa Civil, é que o deve ter a atuação mais importante nos bastidores da candidatura. Sua missão é conversar com os partidos que formam a base de apoio ao governo federal.

Também deve ser consultado nas decisões estratégicas da campanha.

Com os direitos políticos cassados, ele não irá disputar nenhuma cargo na eleição deste ano.

Os outros dois réus do mensalão vivem situação diferente, já que tentarão conseguir novos mandatos para seguir como deputados federais por São Paulo. Por isso, devem trabalhar de forma menos intensa na campanha.

Genoino é quem tem se mostrado mais receoso em voltar a ocupar postos chaves dentro do PT. Genoino presidia o PT quando estourou o escândalo do mensalão, esquema de pagamento de propina para parlamentares em 2005. Ele renunciou ao cargo depois que foi descoberta a sua assinatura em contratos de empréstimos bancários suspeitos de serem fictícios para acobertar a entrada de dinheiro de origem ilícita nos cofres do partido.

O coordenador oficial da campanha de Dilma será o novo presidente do PT, José Eduardo Dutra, que toma posse em fevereiro. João Vaccari Neto, provável novo secretário de Finanças da sigla, também deve ter papel central, participando da administração dos recursos da candidatura.

Ele é ex-dirigente do Sindicato dos Bancários.