Título: Arruda é muito correto
Autor: Franco, Bernardo Mello ; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 27/01/2010, O País, p. 4

Apontado como operador do mensalão do DEM no DF, o ex-chefe de gabinete de José Roberto Arruda jura inocência e diz que o governador é vítima de armação para tirálo do poder. Fábio Simão nega que os R$ 3,4 mil apreendidos em seu gabinete sejam dinheiro de propina.

O GLOBO: A PF o acusa de dar propina a aliados do governador.

O senhor operou o mensalão do DEM?

FÁBIO SIMÃO: Não sou cirurgião para ficar operando ninguém. É engraçado. Não tem fita de vídeo, não tem fita de áudio. É um bandido (Durval) fazendo um comentário que vira lei. Ele vai ter que provar. Eu não tenho que provar que sou inocente.

A PF diz que notas apreendidas em seu gabinete são da mesma série achada em firmas que pagariam propina.

SIMÃO: Uma série tem 100 mil notas. No meu gabinete foram achadas 34. Não tem comprovação, porque não há nexo entre mim e as empresas.

Com 34 notas, faz-se uma ilação criminosa de que tenho vínculos com empresas.

O senhor é homem de confiança de Arruda...

SIMÃO: (Interrompendo) Com muito orgulho.

Ele é acusado de chefiar um grande esquema de corrupção no DF.

SIMÃO: É uma grande armação.

Desconheço qualquer esquema. Não acredito que existiu. O governador Arruda é muito correto.

Um político honesto recebe R$ 50 mil em dinheiro de um bandido?

SIMÃO: Aí você quer que eu faça uma questão de valor.

Respondo pelos meus atos.

Mais alguma pergunta? Durval o acusa de receber propina de empresas e repassá-la a deputados.

SIMÃO: É brincadeira, né? É um irresponsável.

Como se sente diante de tantas denúncias?

SIMÃO: Profundamente injustiçado.

O cara que lê O GLOBO diz: ¿O Fábio Simão roubou dinheiro do governo¿.

Mas o inquérito da Justiça eu vou ganhar.

Aliados dizem que Arruda está deprimido. Está?

SIMÃO: Isso é pessoal. Se você perder um parente, não vai ficar feliz, né?

Ele vai renunciar?

SIMÃO: Não acredito. Não tem motivo. Eu confio e tenho certeza da inocência dele.