Título: FMI projeta crescimento de 4,7% no Brasil, abaixo da previsão do governo
Autor: Duarte, Fernando
Fonte: O Globo, 27/01/2010, Economia, p. 22

BC estima alta de 5,8%. Reino Unido cresce 0,1% e sai da recessão

WASHINGTON e LONDRES. O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou ontem suas projeções para o crescimento da economia brasileira, de 3,5% para 4,7% ¿ abaixo dos 5,2% projetados pelo Ministério da Fazenda e dos 5,8% pelo Banco Central. Em 2011, o FMI estima que o Brasil cresça 3,7%. Para a economia global, o relatório ¿Perspectivas Econômicas Mundiais¿ estima expansão de 3,9% em 2010, contra 3,1% projetados em outubro. Para 2011, prevê-se crescimento de 4,3%.

O FMI estima que as economias emergentes e em desenvolvimento do mundo ¿ que puxam a recuperação global ¿ devem crescer 6% este ano e 6,3% em 2011.

¿A recuperação global está mais forte que o antecipado, mas ocorre em velocidades diferentes nas várias regiões¿, diz o relatório.

Para o FMI, a retomada na maioria dos países ricos deve ser fraca, com desemprego e endividamento público altos. Já os emergentes devem mostrar recuperação mais vigorosa, graças à forte demanda doméstica.

Dentro dessa tendência, o Reino Unido saiu da recessão, ao registrar crescimento de 0,1% no quarto trimestre de 2009. O resultado frustrou os analistas, que projetavam 0,4%, mas foi o primeiro período positivo após 18 meses de encolhimento ¿ no geral, a retração da economia britânica com a crise foi de 6%. Em 2009, a economia encolheu 4,8%.

O FMI estima que o Reino Unido cresça 1,3% este ano, contra 0,9% anteriormente. O índice está abaixo de Estados Unidos (2,7%), Japão (1,7%), Alemanha (1,5%) e França (1,4%).

Para analistas, pesou o fato de o setor financeiro britânico ainda estar fragilizado pela ameaça de quebra que, em 2008, requereu intervenção maciça do governo.

Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas, os setores que mais contribuíram para a expansão foram receberam mais ajuda do governo: varejo e automotivo.

¿ O varejo se beneficiou de um ano de redução no imposto sobre circulação de mercadorias e serviços. Isso sugere que a economia, na melhor das hipóteses, estagnou ¿ diz Colin Ellis, da consultoria Daiwa Capital.

O FMI afirmou ainda que muitos bancos centrais podem manter a taxa de juro baixa este ano, devido à expectativa de inflação sob controle e desemprego alto por algum tempo. Para o Fundo, a recuperação está num ritmo saudável, mas ainda precisa de estímulos dos governos.

(*) Com agências internacionais