Título: Os frutos de Copenhague
Autor: Xiaoqi, Qiu
Fonte: O Globo, 31/12/2009, O País, p. 7

A 15ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas (COP-15), que chamou grande atenção de todo o mundo, já terminou, e a mídia fez uma série de comentários sobre os resultados. Deve ser dito que a COP-15 alcançou um resultado importante e positivo, principalmente no seguinte: Primeiro, a COP-15 defendeu firmemente o quadro e um conjunto de princípios estabelecidos pela Convenção-Quadro da ONU sobre a Mudança Climática e o Protocolo de Kyoto, especialmente o princípio de ¿responsabilidades comuns mas diferenciadas¿.

Segundo, graças à Conferência, tanto os países desenvolvidos como os em desenvolvimento estabeleceram uma série de metas para enfrentar a mudança climática e tomaram novas ações. Os países des envolvidos assumiram metas obrigatórias de redução das emissões no âmbito do Protocolo de Kyoto, e os países em desenvolvimento também lançaram as próprias ações voluntárias de mitigação.

Se não tivesse sido realizada essa reunião, não existiriam esses compromissos, ou seriam adiados.

Este foi um resultado muito importante da COP-15 .

Terceiro, após intensas negociações antes da COP-15, as partes chegaram ao consenso preliminar em uma série de questões sobre as quais tinham divergências substanciais no passado. Acordaram em que até 2050 as temperaturas globais não deverão exceder 2 graus, e deram um passo à frente nas questões financeiras, da transferência de tecnologia e da transparência.

Algumas pessoas dizem que o Acordo de Copenhague não tem valor legal nem é satisfatório. A meu ver, o Acordo é o melhor resultado que a Conferência pode obter. Apesar de críticas e descontentamentos, o resultado da Conferência é positivo e importante, desde que seja avaliado justa e objetivamente.

Com este acordo, podemos avançar para o futuro, e a COP-15 pode ser um novo ponto de partida para a comunidade internacional enfrentar a mudança climática.

A China atribui grande importância à questão da mudança climática e à Conferência de Copenhague.

O primeiro-ministro Wen Jiabao participou da Conferência. Antes e no meio da Conferência, a parte chinesa, especialmente o próprio primeiro-ministro, trabalhou muito para que a Conferência conseguisse, em circunstâncias tão complexas, o resultado final ¿ o Acordo de Copenhague. Os países como a China e o Brasil desempenharam um papel crucial de mediadores quando as negociações caíram no impasse. Podemos afirmar ao mundo, com todo orgulho, que a China tem contribuído significativamente para a cooperação internacional no enfrentamento da mudança climática e para o resultado positivo da Conferência.

A China e o Brasil mantinham estreita comunicação e coordenação em torno da Conferência. O primeiroministro Wen Jiabao e o presidente Lula conversaram por telefone antes da Conferência e encontraram-se diversas vezes durante o evento. Os dois países empenharam grandes esforços para manter a união e defender os interesses dos países em desenvolvimento, deixando a Conferência como um bom exemplo de cooperação estreita nos assuntos globais.

A China está disposta a reforçar a união dos países do ¿Basic¿(Brasil, África do Sul, Índia e China) para consolidar os resultados obtidos e continuar a desempenhar um papel construtivo nas negociações futuras da mudança do clima.

QIU XIAOQI é embaixador da China no Brasil