Título: Sinais de fadiga e mal-estar desde terça-feira
Autor: Brígido, Carolina ; Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 29/01/2010, O País, p. 8

Dormindo em média quatro horas por dia, Lula já havia reclamado de cansaço para assessores próximos

BRASÍLIA. Com uma gripe mal curada que já havia evoluído para uma bronquite, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a sinalizar desde terçafeira que estava com fadiga, e aparentava muito cansaço. Segundo relato de assessores próximos, Lula se queixou que estava dormindo em média apenas quatro horas por noite nos dias mais puxados de sua agenda, o que debilitou ainda mais sua saúde.

Lula começou a reclamar de dor de garganta na última terça-feira, na viagem a Porto Alegre, onde participou do Fórum Social Mundial. Horas antes, no lançamento da bolsa para policiais que atuarão na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016, no Ministério da Justiça, o presidente demonstrava fadiga. Nem discursou.

No dia seguinte, ao embarcar para o Recife, às 13h10m, estava com o nariz congestionado e fez nebulização durante o voo. Ao longo do dia, reclamou mais de uma vez de indisposição e dor no peito. Na inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Jardim Paulista, disse que não falaria muito porque estava com dor de garganta; e, brincou, afirmou que poderia ser o primeiro paciente da nova unidade.

Acostumado ao sol do Nordeste, Lula reclamou muito do calor em Recife. A sensação térmica era superior a 40 graus. Ele chegou a se preocupar com a baixa temperatura que enfrentaria em Davos, na Suíça. O presidente ainda foi a um jantar oferecido pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, mas só comeu canapés. Em reunião com políticos de PT e PSB, estava abatido: ¿ Ele deu demonstrações de que estava muito cansado. Reclamou da garganta e da gripe. Estava muito calor ¿ contou José Eduardo Dutra, presidente eleito do PT.

O presidente deixou o Palácio do Campo das Princesas, sede do governo pernambucano, por volta de 23h e foi para a Base Aérea de Recife. Entrou logo no avião, quebrando a tradição de conversar e tirar fotos com os funcionários. Meia hora depois, já cabine presidencial, Lula chamou o médico oficial da Presidência, Cléber Ferreira, e reclamou de mal-estar.

O avião já estava pronto para decolar; porém, ao medir a pressão de Lula (18 por 12), o médico recomendou que ele se submetesse a exames num hospital. O cancelamento da viagem foi decidido pelo doutor Cleber.

Ele alegou que, além da viagem, Lula sairia de um verão nordestino para um lugar com temperatura 10 graus abaixo de zero. Doutor Cleber entrou em contato com seu colega Roberto Kalil, médico de Lula em São Paulo.

Foi por recomendação de Kalil que Lula realizou exames complementares no Hospital Português. Kalil também pediu que um amigo seu, o cardiologista pernambucano Memélio Rodrigues, atendesse o presidente