Título: PDT pede que Dilma suba ao palanque de Lago
Autor: Camarotti, Gerson ; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 29/01/2010, O País, p. 12

Em troca de apoio, partido faz lista de exigências; ministra também fará campanha para Roseana no Maranhão

BRASÍLIA. No mesmo almoço em que anunciou o apoio à candidatura presidencial da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o PDT também apresentou uma lista de exigências que podem causar novos problemas na aliança nacional. A principal reivindicação dos pedetistas foi que Dilma suba ao palanque de Jackson Lago, ex-governador do Maranhão que foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder econômico nas eleições de 2006. Lago é inimigo político da família Sarney.

No almoço, que ocorreu na residência da ministra, ficou acertado que Dilma terá palanque duplo no Maranhão: o de Lago e o da governadora Roseana Sarney (PMDB). Dilma afirmou que isso não seria problema, e lembrou que Lago foi seu companheiro de PDT.

¿ O partido disse que não poderia ficar desmoralizado no Maranhão. A ministra Dilma disse que não teria dificuldade nesse ponto, e assumiu o compromisso de subir no palanque de Jackson Lago ¿ informou o deputado Brizola Neto (PDT-RJ).

Ministra diz que se sente à vontade na legenda Outros problemas regionais foram apresentados no almoço.

O presidente em exercício do PDT, deputado Vieira da Cunha (RS), disse que, na sucessão gaúcha, o partido apoiaria a candidatura do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, do PMDB, ligado ao tucano José Serra. Isso porque o PDT ficará com a prefeitura, já que o vice-prefeito é o pedetista José Fortunati. De todo jeito, o partido se comprometeu a tentar levar Fogaça para o palanque de Dilma.

Também pode haver dificuldade no Rio, onde os pedetistas resistem em apoiar os dois candidatos da base aliada: o governador Sérgio Cabral (PMDB) e o ex-governador Anthony Garotinho (PR). O PDT argumenta que as duas candidaturas não aglutinam o eleitorado progressista.

O PDT também obteve a promessa do PT de que terá assento na coordenação de campanha de Dilma e na equipe de programa de governo.

Ainda na chegada do almoço, os dirigentes do PDT declararam apoio do partido à candidatura petista, informando que só falta a formalização, que será feita na convenção nacional. Para o ministro do Trabalho e presidente licenciado do PDT, Calos Lupi, o partido não terá nenhum problema em oficializar a coligação com o PT.

¿ Há muito tempo defendo o apoio à ministra Dilma e defendo que essa eleição seja mesmo plebiscitária, para que o eleitor decida entre os candidatos do governo e da oposição.

A Dilma representa continuidade com possibilidade de avanço ¿ disse Lupi.

Dilma disse que se sente à vontade no PDT, mas evitou falar em apoio e campanha.

¿ O PDT faz parte da minha trajetória política e eu fico muito à vontade no partido ¿ disse Dilma, referindo-se ao fato de ter sido filiada ao PDT até início dos anos 2000.

A ministra falou ainda sobre o jantar de ontem à noite no Recife que reuniu o presidente Lula, o governador Eduardo Campos (PSB), além dela própria e de dirigentes dos dois partidos.

No encontro discutiu-se a possibilidade de o PSB desistir da candidatura presidencial do deputado Ciro Gomes. A ministra disse que não se tratou especificamente disso, mas da importância da candidatura única no campo governista.

¿ O governo, para mostrar unidade, tem que ter candidatura única ¿ disse Dilma.

Segundo a ministra, uma nova reunião será feita em março, entre PT e PSB, para tratar novamente do assunto. Em sua passagem pelo Recife, o presidente Lula sinalizou claramente à cúpula do PSB que gostaria de uma candidatura única na base governista. Os socialistas entenderam o recado.

De acordo com políticos que estiveram em Recife, o grande problema será a condução da retirada da candidatura presidencial do deputado e ex-ministro Ciro Gomes. O PT foi alertado pelo governador Eduardo Campos (PE), presidente do PSB, de que a pressão explícita para a retirada imediata de Ciro da disputa pode causar sequelas.

Por isso, será preciso o PT mudar de estratégia para encontrar uma saída honrosa para Ciro, que já falou que não deseja como prêmio de consolação a disputa pelo governo de São Paulo. O prazo original para a conversa entre Ciro e Lula foi mantido para março