Título: O dossiê e a agenda
Autor: Damé, Luiza ; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 30/01/2010, O País, p. 3

Assessora da ministra Dilma Rousseff desde o governo de transição, entre novembro e dezembro de 2002, a secretária-executiva do Ministério da Casa Civil, Erenice Guerra, só ficou conhecida do grande público e até mesmo do mundo político durante o escândalo do cartão corporativo, em 2008. Ela foi apontada como a responsável pelo dossiê de gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso, que vazou para a imprensa e revoltou a oposição, especialmente o PSDB.

No ano passado, Erenice foi personagem de outro episódio polêmico que envolveu Dilma: o da demissão de Lina Vieira do comando da Receita Federal.

Em agosto, em entrevista à ¿Folha de S.Paulo¿, Lina Vieira afirmou que, em um encontro com Dilma no final de 2008, a ministra pediu a ela que a investigação realizada pelo órgão nas empresas da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), fosse concluída rapidamente.

Sarney estava prestes a ser eleito presidente do Senado, o que aconteceria em fevereiro de 2009.

Lina disse que entendeu o pedido como um recado "para encerrar" a investigação. Dilma negou o encontro.

Lina reafirmou a versão, dizendo que Erenice Guerra sabia, "porque esteve no meu gabinete para marcar". Erenice negou. O assunto rendeu depoimentos no Senado, mas ficou a palavra de uma contra a de outra.

No governo Lula, Erenice seguiu todos os passos de Dilma, tornando de sua mais estrita confiança. De 2003 a 2005, foi consultora jurídica do Ministério das Minas e Energia, quando Dilma era ministra da pasta. Em junho de 2005, foi para a Casa Civil com a nova ministra, que substituiu José Dirceu. Assumiu a secretaria executiva e é responsável pela administração da Casa Civil, além de substituir oficialmente a ministra.

Erenice é filiada ao PT-DF desde 1981, mas nunca teve atuação político-eleitoral. Começou a trabalhar com Dilma depois de ter passado pela assessoria do partido na Câmara. Por mais de dez anos, Erenice trabalhou na Eletronorte.

No primeiro governo petista na capital, o de Cristovam Buarque (hoje PDT), nos anos 1990, atuou na assessoria jurídica e na área de segurança.

Erenice é brasiliense e fará 51 anos em 15 de fevereiro.

É formada em Direito pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília e especialista em Direito Sanitário pela Universidade de São Paulo (USP), e em Direito na Contemporaneidade pela Universidade de Brasília (UnB).