Título: Fim da linha cruzada
Autor: Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 30/01/2010, Economia, p. 25

Anatel obrigará setor a evitar interferência na TV aberta

BRASÍLIA. Para deslanchar o serviço de banda larga sem fio com tecnologia wimax no país, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deverá obrigar que as teles, os radiodifusores e a indústria adaptem suas estações e equipamentos para o uso da faixa de 3,5 Gigahertz (GHz) ¿ um dos ¿canais aéreos¿ de transmissão de dados. O objetivo é evitar interferência da internet nas transmissões da TV aberta via satélite, conforme detectado recentemente pelo Ministério das Comunicações, permitindo, numa segunda etapa, que a faixa seja aberta ao uso das operadoras de telefonia.

A licitação da faixa 3,5 GHz para banda larga sem fio é vista como essencial para ampliar e popularizar a internet de alta velocidade no Brasil. A reunião da Anatel está marcada para a próxima terça-feira, dia 2, e o voto da conselheira Emília Ribeiro é para que haja a compatibilização do uso duplo da faixa, a partir da instituição destas regras de proteção.

¿ A minha expectativa é que o regulamento possa ser aprovado na reunião pelos outros conselheiros ¿ disse Emília, lembrando que o único diretor que pode pedir vista do processo é Jarbas Valente, que assumiu na semana passada, mas já vinha acompanhando o tema na área técnica, quando era superintendente.

As transmissões da TV aberta por satélite são feitas na mesma faixa de frequência em que será licitado o Serviço Móvel Pessoal (SMP) em 3,5 GHz, onde vai ser usado o wimax ¿ equipamento difundido em todo o mundo e que é dos mais baratos para fazer a banda larga. A faixa será dividida pela Anatel entre os dois serviços, mas, para que não haja interferências, terão que ser tomadas algumas medidas.

Em 2009, o Ministério das Comunicações enviou um ofício à Anatel alertando que havia encontrado o problema de interferência quando começou a implantar o programa ¿Cidades Digitais¿, em Garanhuns e Caetés, em Pernambuco.

O início das transmissões de banda larga sem fio usando wimax causou a interferência nos receptores de TV por satélite.

Para solucionar o problema, a Anatel está dando alguns prazos e estabelecendo potências de transmissão das estações dos vários serviços (telecomunicações, radiodifusão etc.). As áreas técnicas terão três anos para resolver as interferências entre as estações e os receptores e o mesmo prazo de três anos para as estações se adaptarem.

A Anatel vai recomendar aos fabricantes de receptores na banda C de satélite para que deixem de produzir equipamentos sem a proteção de recepção, que é uma espécie de filtro contra a interferência. Os receptores são, na sua maioria, importados e usam a faixa de frequência de forma diferente que no Brasil. A conselheira informou ainda que, desde 1999, a Anatel realizou várias reuniões com as operadoras de satélites e com os fabricantes para alertar sobre o problema. Algumas soluções são simples, como reposicionamento de antenas ou troca de cabos. Outras mais complicadas, como a colocação de filtros, que custam atualmente entre R$ 100 e R$ 1.500.