Título: Mantega: país criará 1,5 milhão de vagas este ano
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 31/01/2010, Economia, p. 26/27

Para Meirelles, economia brasileira já saiu da crise

DAVOS. A economia brasileira está voltando ao normal e não precisa mais de tantos estímulos fiscais, afirmou ontem o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, no Fórum Econômico Mundial. E o ministro da Fazenda.

Guido Mantega, também presente no evento, disse acreditar que o Brasil vai criar neste ano 1,5 milhão de empregos.

Meirelles considerou apropriado o plano do governo de dar fim a cortes de impostos e isenções fiscais para combater a crise financeira global.

¿ Acho que é uma medida apropriada, a economia brasileira está agora fora da crise ¿ disse o presidente do BC à agência Reuters. ¿ Estamos caminhando rumo a uma situação vista como normal, e acho que esse é um momento apropriado para retirar estímulos fiscais.

O ministro da Fazenda adotou discurso semelhante: ¿ A economia brasileira caminha com as próprias pernas.

Mantega, que participou com Meirelles de um debate no Fórum, chamado ¿Brasil: o que vem agora?¿, lembrou que, no ano passado, em plena crise, o Brasil foi um dos poucos países a registrar criação de vagas.

¿ Em 2009, o mundo perdeu 27 milhões de empregos. Portanto, houve um aumento do desemprego no mundo. E o Brasil, em ano de crise, foi um dos poucos países que criou novos empregos. E será um dos países que mais vão gerar emprego em 2010. Com esse crescimento que vamos ter (a Fazenda prevê 5,2%), vamos criar mais de um 1,5 milhão de empregos em 2010 ¿ disse Mantega à Agência Brasil.

BC ainda não tomou decisão sobre compulsório Meirelles disse que o Banco Central está avaliando se elevar o nível do compulsório de bancos (o montante que estes têm de recolher ao BC) é pertinente. Isso reduziria a quantidade de liquidez disponível.

O BC reduziu o nível do compulsório durante a crise, medida que deve expirar no fim de março. Pode-se manter o compulsório no patamar atual, levá-lo de volta ao nível pré-crise ou até eleválo, explicou Meirelles: ¿ Não há nenhum compromisso com um caminho ou outro: voltar ao nível anterior, mantê-lo no patamar atual ou aumentá-lo um pouco.

Não há nenhum compromisso, e nós analisaremos isso no devido tempo.

Meirelles reafirmou que ainda não está pronto para tomar uma decisão sobre seu futuro no BC, em meio a especulações de que ele possa concorrer a um cargo político.

¿ Como um presidente de Banco Central disciplinado, tomo decisões na hora certa ¿ afirmou Meirelles, acrescentando que isso deve ocorrer até o fim de março