Título: Industria milionária, mas não recinhecida
Autor: Vianna, Maria ; Marinho, Antônio
Fonte: O Globo, 31/01/2010, Saúde, p. 33

Embora muito vendidos, suplementos não contam com respaldo médico

Os suplementos alimentares, os encapsulados e os fitoterápicos movimentaram cerca de US$100 bilhões em 2009 em todo o mundo, segundo dados da Associação Brasileira de Produtos Nutricionais (Abenutri), mas praticamente nenhum dos artigos à venda nas lojas de produtos naturais tem comprovação científica. Para o endocrinologista Alfredo Halpern, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso), o consumo de suplementos não influencia no emagrecimento e pode até atrapalhar o andamento das dietas.

¿ Os suplementos naturais para emagrecer são pura bobagem. Fazem parte de uma indústria milionária, mas sua ação não é comprovada. Toda hora chega uma novidade nas prateleiras, mas nenhuma tem efeito significativo ¿ afirma Halpern.

Pó de feijão branco, cápsulas de casca de laranja, sprays que inibem a vontade de comer doce e balas de colágeno não aceleram a perda de gordura e podem ter efeitos colaterais perigosos se consumidos de forma indiscriminada. Segundo Josivam de Lima, da Sociedade Brasileira de Endrocrinologia e Metabologia, os suplementos podem servir como muleta no início do processo de emagrecimento ou quando a perda de peso está estacionada. No entanto, como a maioria da população consome estes produtos sem orientação médica, os riscos de o organismo ter uma reação negativa são grandes.

¿ Os pacientes sempre buscam uma fórmula mágica para emagrecer, mas infelizmente este remédio milagroso ainda não existe. Os suplementos, se consumidos de forma errada, podem causar enjoos, dor de cabeça e até diarreia. Podem até fazer a pessoa perder peso em um primeiro momento, mas sem saúde. E isso ninguém quer ¿ explica Lima.

E a dieta ideal, dizem os médicos, não existe. Isso depende das necessidades de cada paciente, de sua história clínica, entre outros fatores. Mas deve conter carboidratos (cerca de 55% do valor energético total da dieta), gorduras, lipídios (30%) e proteínas (15%), além de vitaminas, sais minerais e fibras. Mesmo a dieta de Atkins, uma das mais conhecidas e que privilegia o uso de proteínas, é pouco eficaz com o tempo.

¿ Ela funciona em determinados pacientes, mas não tem os nutrientes em quantidades adequadas e, com o passar do tempo, torna-se monótona ¿ diz o endocrinologista Ricardo Meirelles.