Título: Em ano eleitoral, debandada nos ministérios
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 03/01/2010, O País, p. 8

Dos 37 ministros, pelo menos 13 devem se candidatar; substitutos são peças-chave para uma boa campanha

BRASÍLIA. As eleições deste ano irão provocar uma retirada em massa de ministros que pretendem se candidatar a algum cargo eletivo em outubro. Pelas regras da Justiça Eleitoral, os ocupantes de cargos no governo ¿ em qualquer um dos níveis ¿ devem deixar o posto até 3 de abril, seis meses antes do pleito. Pelo menos 13 dos 37 ministros já manifestaram interesse em se candidatar pela primeira vez ¿ como é o caso da ministrachefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência ¿ ou voltar à Câmara ou ao Senado. Alguns tentarão se eleger governadores.

Em ano eleitoral, unir a imagem a algum ministério que tenha trabalho concreto voltado à população é um bom marketing.

Por isso, alguns ministros entendem que é bom ter alguém de confiança ocupando seu lugar para que essa ligação não se desfaça, e o ministério em questão não vire uma dor de cabeça. Para o presidente Lula, preocupado em terminar com alto índice de popularidade seu segundo mandato, o importante é ter gente que consiga administrar bem as pastas e não lhe traga problemas.

Na maioria dos casos, os substitutos dos futuros candidatos deverão ser pessoas mais ligadas às ações do dia a dia, como os secretários executivos.

Por conta das eleições, é praticamente certo que as substituições não envolvam políticos, uma vez que ninguém quer trocar uma eleição por apenas nove meses de ministério.

A maior preocupação de Lula nessa questão é quem vai substituir Dilma. Ela já disse que pretende deixar a pasta em fevereiro, para ter mais tempo para se dedicar à pré-campanha. Lula trabalha com três hipóteses, sendo duas de caráter mais técnico e outra mais política.

A secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, e a subchefe de Avaliação e Monitoramento, Miriam Belchior, são as duas opções técnicas. Ambas são muito próximas de Dilma e estão acostumadas a gerenciar o principal carro eleitoral da ministra, as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mas Lula ainda avalia se não seria melhor alguém com um perfil mais político para a função, justamente porque se trata de ano eleitoral. Nesse caso, um dos nomes lembrados é do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.