Título: Planos do Planalto
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 05/06/2009, Política, p. 5

Desde o início das conversas sobre a eleição interna do PT, o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, era tido como nome consensual entre as diversas tendências partidárias. O único que poderia unir o partido e que negociaria os acordos em torno da candidatura da ministra Dilma Rousseff com aval de Lula.

O problema é que o consenso esbarrou na má vontade do presidente da República que não quis abrir mão de seu assessor pessoal. Homem que acompanha a maioria das audiências de Lula, que dá bom-dia e boa-noite para o presidente, amigo pessoal, Gilberto Carvalho teria procuração nas negociações, argumentavam os defensores de sua candidatura.

Mas o fato é que não seria ele quem direcionaria a estratégia de Dilma 2010. Lula não deixou Gilberto Carvalho ir para o comando do partido porque todo o desenho da ministra candidata está sendo feito por ele mesmo. Dilma 2010 é ideia exclusiva de Lula. Do palanque às alianças, toda estratégia será definida por ele mesmo. Para o presidente, não faz diferença quem comandará o partido, ele dará a palavra final em tudo. Por isso, o assessor é mais útil na Presidência.

Resta ao PT, então, ficar afinado ao seu comandante maior e não ficar somente um apêndice de decisões maiores. Os petistas começaram a discutir até numa antes impensável união de tendências. O movimento originou-se em grupos periféricos para fazer frente ao antigo campo majoritário, mas acabou crescendo após adesão de expoentes da maior ala. O presidente gosta de ver seu partido obedecendo seus anseios. (TP)