Título: Hugo Chávez diz que Venezuela não enfrenta qualquer crise econômica
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Fonte: O Globo, 19/01/2010, Economia, p. 21

Presidente chama PlayStation de veneno capitalista. Governo intervém em 3 bancos CARACAS e PARIS. Depois da maxidesvalorização do bolívar, do racionamento de energia e da nacionalização de uma rede de supermercados, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, assegurou que o país não atravessa qualquer crise econômica. No domingo, no programa de televisão ¿José Vicente Hoy¿, Chávez afirmou que, enquanto nos EUA e na Europa há milhares de desempregados, na Venezuela ¿a pobreza continua diminuindo, o desemprego continua diminuindo, o salário mínimo é o mais alto do continente¿, segundo o site EntornoInteligente.com.

¿ Que crise pode haver na Venezuela? Há uma crise mundial, vejam Estados Unidos, Europa.

Crise econômica aqui não há ¿ disse Chávez, sem mencionar a inflação de 25,1% ao ano, segundo os dados oficiais.

Nem os videogames escaparam da retórica de Chávez. Em seu programa dominical de rádio e televisão, ¿Alô Presidente¿, ele afirmou que o PlayStation 3, da Sony, é um veneno que ensina as crianças a matarem. Segundo a agência France Presse, ele disse que os jogos são vendidos pelo ¿capitalismo¿ para ¿semear a violência e vender armas¿. E defendeu a fabricação de ¿jogos educativos¿, como pião e ioiô.

No fim da noite de ontem, a Venezuela interveio em três pequenas instituições financeiras, por problemas de liquidez: InverUnion Banco Comercial; Banco Del Sol e Mi Casa (de poupança).

Com relação à crise no setor elétrico, Chávez afirmou que seu governo tem investido e atribuiu os problemas de energia ao fenômeno El Niño. Semana passada, o governo anunciou cortes de luz de quatro horas em Caracas e outros estados. Dois dias depois, Chávez suspendeu o racionamento em Caracas, devido aos protestos da população, e demitiu o ministro da Energia.

Já a expropriação da rede de supermercados Exito ¿ controlada pela francesa Casino e pela colombiana Almacenes Exito ¿ foi alvo ontem dos protestos de um grupo de trabalhadores. Chávez anunciou a medida no domingo, alegando remarcações ilegais. ¿Todos os trabalhadores têm direito a um emprego e um salário¿, disse Elena Vates, funcionária da Exito, ao jornal ¿El Nacional¿. Segundo ela, a rede tem cinco mil empregados diretos e dez mil indiretos.

Já a Casino informou que seus lucros não serão prejudicados com a estatização da rede Exito, pois sua participação no faturamento do grupo foi ¿quase zero¿ ano passado.

O ministro de Comércio venezuelano, Eduardo Samán, por sua vez, informou ontem que pode haver novas expropriações de estabelecimentos comerciais.

Um dos possíveis alvos, disse, seria a rede de supermercados Cada ¿ de capital colombiano, como a Exito.

O ¿El Nacional¿ afirmou, em editorial, que a nacionalização denota racismo. ¿É um ódio racista contra qualquer estrangeiro que se atreva a investir na Venezuela no campo da distribuição de alimentos¿.