Título: Perícia complica situação de governador
Autor: Braga, Isabel; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 19/01/2010, O País, p. 3

BRASÍLIA. Uma perícia independente realizada no material apreendido pela Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora revela que anotações sobre o suposto pagamento de propinas teriam sido feitas pelo próprio governador José Roberto Arruda. Os documentos estavam na casa de Domingos Lamoglia, ex-chefe de gabinete do governador e conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Distrito Federal. As folhas de papel detalhavam nomes e valores, numa espécie de balancete informal do caixa dois pessoal e político do esquema.

O exame de caligrafia nas folhas chamadas ¿Agenda Resumida 2009¿ foi realizado pelo perito Ricardo Molina, a pedido da revista ¿Época¿, que teve acesso a listas, agendas e outros documentos apreendidos pela Polícia Federal. O objetivo era decifrar se o texto havia sido escrito por Arruda ou por Lamoglia.

¿Diante das convergências observadas, podemos afirmar que, com mínima possibilidade de erro, a escrita questionada foi produzida pelo punho escritor do governador José Roberto Arruda¿, concluiu Molina em seu laudo.

Na coluna ¿Pessoais¿, Arruda teria anotado o valor de ¿450¿ ao lado do nome Severo, interpretado como sendo Severo de Araújo Dias, dono do haras Sparta. De acordo com denúncia de Durval Barbosa, réu colaborador da PF no caso do mensalão do DEM em Brasília, Arruda é o verdadeiro dono do haras, que teria comprado para sua esposa, Flávia Arruda.

Na coluna ¿Política¿ das anotações, aparece ¿100¿ ao lado de ¿Fraterna¿, ONG de Flávia Arruda. Segundo Durval, a entidade era financiada também pelo propinoduto.