Título: Entre gritos de pega ladrão e Lula
Autor: Weber, Demétrio; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 12/01/2010, O País, p. 8

Manifestantes criticam o presidente, de um lado, e Arruda, de outro

BRASÍLIA. Do lado de fora da Câmara Legislativa ontem, dois trios elétricos se enfrentavam: um contra e outro a favor do governador José Roberto Arruda (sem partido).

Enquanto o trio elétrico do grupo contrário tocava ¿Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão¿, os defensores de Arruda respondiam: ¿Lula!¿.

As duas manifestações levaram mais de 500 pessoas para a frente do prédio, que permaneceu fechado ao público. De um lado, estudantes da Universidade de Brasília (UnB) e sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores que entraram em confronto com a polícia do GDF. Do outro, moradores de cidades-satélites arrebanhados por associações de moradores em ônibus fretados por essas entidades.

Entre os dois grupos, policiais acompanhavam a movimentação.

Por volta das 11h30m, fizeram um cordão de isolamento, quando manifestantes mais exaltados trocaram insultos.

Mais cedo, às 7h, estudantes disseram que o caixão com um boneco do governador teria sido quebrado por manifestantes pró-Arruda.

¿Não somos ignorantes, mas temos dívida de gratidão¿ A presidente do Movimento dos Inquilinos de Sobradinho, Simone Magalhães, disse que reuniu 170 pessoas para apoiar o governador. Segundo ela, 840 famílias de baixa renda receberão lotes numa área reivindicada há mais de uma década. Indagada sobre o que pensa das denúncias de corrupção, ela respondeu: ¿ Sabe o que nos interessa? Moradia. Quem paga aluguel sabe onde aperta o sapato.

Em outros governos não foi diferente: PT, PMDB e ninguém fez nada. Cadê o dinheiro da cueca, das malas? ¿ afirmou Simone.

¿ Estamos vendo nosso sonho realizado ¿ completou.

O presidente da Associação de Moradores do DVO Gama, Vantuil Oliveira da Costa, disse que o bairro, a cerca de 35 quilômetros de Brasília, ganhou linhas de ônibus há dois anos: ¿ Nós sabemos o que está acontecendo, não somos ignorantes.

Mas temos dívida de gratidão com o governador