Título: Criação de emprego formal é a pior desde 2003
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 21/01/2010, Economia, p. 17

Com demissão de 415 mil trabalhadores em dezembro, acima das expectativas, país abriu 995 mil vagas em 2009

BRASÍLIA. O mercado de trabalho formal brasileiro fechou 2009 com a criação de 995.110 empregos ¿ o pior desempenho desde 2003, quando foram abertas 645.433 vagas. O resultado (diferença entre admissões e demissões) foi influenciado pelos desligamentos no mês passado, acima das expectativas, de 415.192 trabalhadores com carteira assinada, sobretudo na indústria, revelou ontem o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

O número preliminar para dezembro era ¿acima de 350 mil¿, conforme O GLOBO revelou sábado passado. O dado final foi o terceiro maior saldo mensal negativo da série do Ministério do Trabalho, iniciada em 1992, atrás de dezembro de 2008 e de 1998, anos de crise financeira global.

¿ O número (de dezembro) não é bom. Veio acima das projeções.

Mas, no meio da crise, o Brasil ter criado quase um milhão de empregos é muito positivo ¿ defendeu o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.

O resultado de dezembro também surpreendeu analistas do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas (Depec) do Bradesco, apesar de ser um mês tradicionalmente com saldo negativos devido às rescisões de contratos temporários de trabalho: Ministro vê processo de acomodação do mercado ¿O resultado reportado surpreendeu negativamente; esperávamos saldo negativo de 260 mil. Ainda que melhor do que o verificado em dezembro de 2008 (dispensa de 654,9 mil), esse resultado ficou aquém do registrado na média de dezembro entre 2004 e 2007 (-319 mil)¿, diz relatório do banco.

Descontados os fatores sazonais, o documento aponta que houve em dezembro a geração de líquida de 107 mil vagas. Este saldo, no entanto, ficou inferior ao registrado em novembro, que foi de 279,3 mil, dentro da mesma metodologia.

Lupi atribuiu o resultado de dezembro ao grande aumento das contratações temporárias, além de um processo de ¿acomodação¿ do mercado de trabalho, que abriu entre agosto e novembro cerca de um milhão de vagas. Para janeiro o ministro espera um saldo positivo de cem mil empregos. Em igual período de 2009, o país havia perdido 101,7 mil devido aos impactos da crise.