Título: ONU tenta ressuscitar acordo do clima
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 21/01/2010, Ciência, p. 25

Países têm até dia 31 para aderir à carta de intenções elaborada no fim da COP-15

Correspondente

PARIS. Um mês depois do fracasso da Conferência do Clima (COP-15) na Dinamarca, a ONU tenta ressuscitar o Acordo de Copenhague ¿ uma colcha de retalhos cheia de promessas para limitar a mudança climática global, que os grandes poluidores, como EUA, China e União Europeia, disseram ter a intenção de seguir. Não tem peso legal: é um documento político.

¿ Tenho conversado com várias partes e muitos acham que é preciso intensificar as negociações em 2010 para podermos cumprir o trabalho de Copenhague ¿ disse Yvo de Boer, secretárioexecutivo da COP-15.

O primeiro teste acontecerá agora: os 192 países que participaram da conferência têm até 31 de janeiro para dizer se vão seguir o acordo.

As respostas darão à ONU uma ideia do que pensa cada país. O Acordo de Copenhague nunca foi aprovado de fato pelos 192 países que participaram da conferência ¿ isso só poderia ser feito se fosse apoiado por unanimidade.

Mas o secretário-executivo da COP-15 frisou que, embora o acordo tenha sido costurado por um grupo de países, estes representam 80% das emissões globais.

Se o acordo receber sinal verde, a ideia é que a frustração que cercou a COP-15 seja vencida na próxima conferência, em novembro, no México. A meta é estabelecer uma segunda etapa de compromissos do Protocolo de Kioto, fazendo com que os países ricos cortem mais emissões de gases-estufa, e aprovando um tratado que estabeleça obrigações também para nações em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia.

O ideal é que os compromissos sejam estabelecidos em tratados de valor legal.