Título: Propostas da França, dos EUA e da Suécia dividem o governo brasileiro
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 06/01/2010, O País, p. 8

Relatório favorável à Saab não é definitivo, e decisão deve ser política

O relatório da Comissão Coordenadora do Programa Aeronaves de Combate (Copac), contendo a avaliação dos três modelos de jatos de combate que participam da licitação aberta pelo governo do Brasil, não é incisivo, segundo funcionários federais envolvidos no processo. De acordo com esses funcionários, a preferência demonstrada pelo Gripen NG, da sueca Saab ¿ superando, pela ordem, o F/A-18 Super Hornet, da americana Boeing; e o Rafale, da francesa Dassault ¿ não é unânime nem teria um peso definitivo na escolha.

Há três posições conflitantes dentro do governo. Uma parcela da Força Aérea Brasileira (em especial técnicos da Copac) prefere o Gripen NG, pelo fato de ele ser o modelo mais barato.

Já o alto comando da Força Aérea Brasileira (FAB) se inclina para o F/A-18, por confiar mais no sistema de manutenção da Boeing. No entanto, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, quer o Rafale porque considera a transferência de tecnologia como fator prioritário ¿ e, nesse sentido, o pacote francês lhe parece melhor.

Na prática, o que há são três maneiras distintas de avaliação, com cada grupo ressaltando o ponto que lhe parece mais conveniente ou adequado. Por isso, tornava-se mais consistente em Brasília ontem a tendência de que a decisão será política, e estará nas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em novembro Jobim já havia antecipado isso: ¿ O que vale é a avaliação final feita pelo presidente da República.

Jobim: transferência de tecnologia é prioridade Por enquanto, e até que o próprio Jobim se manifeste novamente a respeito, continua prevalecendo a informação dada por ele em entrevista na última semana de dezembro. Na ocasião, ele disse que não caberia à FAB indicar o favorito, mas apenas relatar os prós e contras do ponto de vista técnico.

¿ A Estratégia Nacional de Defesa, que interfere em tudo, transforma a transferência de tecnologia em prioridade.