Título: O sábado da discórdia
Autor: Tahan, Lilian
Fonte: Correio Braziliense, 06/06/2009, Política, p. 13

Servidores fazem campanha para derrubar proposta dos deputados que obrigará funcionários a trabalharem no fim de semana

Galeria da Câmara Legislativa: a vontade dos parlamentares é encher a Casa mais um dia na semana A intenção do comando da Câmara Legislativa em estabelecer expediente aos sábados na Casa tem deixado alguns servidores furiosos e será motivo de disputa com o Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo e Tribunal de Contas do DF (Sindical). Na próxima semana, o assunto deverá ser discutido e votado na Mesa Diretora. A intenção da maioria dos distritais é pela aprovação do proposta de abrir a instituição aos sábados para a realização de audiências e sessões solenes. Mas os políticos vão enfrentar a resistência do Sindical.

Dois pontos aborrecem os servidores, que serão submetidos a um sistema de rodízio, caso o projeto seja aprovado. O primeiro é a óbvia perspectiva de abrir mão de metade do fim de semana e o segundo, a ausência de uma compensação financeira pelo expediente extra. Os autores da ideia afirmam que a sugestão é abrir o plenário da Câmara mais um dia na semana sem acrescentar nenhum tostão na folha de pessoal. Ou seja, os servidores concursados seriam recompensados com eventuais folgas durante a semana. ¿Temos os nossos compromissos assumidos. Não é justo ter de rever uma agenda de família para atender os caprichos de deputados¿, diz um funcionário que trabalha na Casa há 12 anos, mas prefere não revelar a identidade com receio de ser prejudicado.

O presidente do Sindical, Adriano Campos, afirma que apesar dos comentários sobre a possibilidade de trabalho aos sábados, o sindicato não foi procurado oficialmente para discutir o assunto. ¿Não existe suporte legal que force os servidores a trabalharem aos sábados. Não vamos aceitar que esse processo seja imposto. Quer dizer, acreditamos que essa gestão não vai forçar a situação, mas sim tentar negociar com a gente, como tem procurado fazer¿, afirma Campos.

Discussão É bem possível que na próxima semana, mais especificamente na terça-feira, os parlamentares resolvam se a Câmara será aberta aos sábados. A discussão sobre o assunto chegou a ser abordada na quarta-feira da semana passada, mas foi adiada. Nessa ocasião, o distrital Rogério Ulysses (PSB) apresentou pedido formal para realizar uma audiência pública hoje com o suporte da Câmara Legislativa. O requerimento não chegou a ser apreciado, já que dependia antes da análise do mérito da questão: se a Câmara vai ou não abrir as portas aos fins de semana. Foi marcada reunião para quinta-feira, mas como não houve quorum, a discussão foi mais uma vez adiada.

Mesmo sem o aval da Casa, a audiência pública convocada por Rogério Ulysses ocorrerá hoje às 10h, no condomínio Estância Quintas da Alvorada. O assunto é a regularização fundiária do condomínio. Mais um exemplo de que os parlamentares seguem firmes no movimento de pré-campanha, um dos motivos, inclusive, que justifica o interesse de parte dos políticos em funcionar aos sábados. Lembrando que os dias de movimento na Casa se concentram entre terça e quinta-feira, quando são marcadas as sessões para votação. Como mostrou a edição do Correio de ontem, no entanto, desde fevereiro, os distritais cancelaram 21 das 46 sessões agendadas no plenário da Câmara.