Título: Consumo de energia tem novo recorde
Autor: Ribeiro, Erica
Fonte: O Globo, 04/02/2010, Economia, p. 22

Custo de ligação das térmicas não será repassado na conta de luz deste ano

Pelo terceiro dia consecutivo, a carga de energia elétrica no país registrou recorde. Chegou ontem a 70.400 megawatts( MW) por volta das 15h, segundo o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp. A carga do Sistema Interligado Nacional (SIN) na segundafeira chegou a 67,7 megawatts e, na terça-feira, foi de 68 mil megawatts. A explicação, diz o diretor do ONS, está na aceleração da produção industrial, retomada após a crise, além do calor intenso, principalmente no Sudeste.

Segundo ele, os dias quentes de verão estão provocando dois momentos de pico: um à tarde, com a alta da produção em indústria, comércio e uso de aparelhos de ar-condicionado pelas empresas, e outro à noite, quando entra o consumo residencial e a iluminação pública. Chipp lembra que cada vez mais consumidores estão comprando aparelhos eletroeletrônicos, entre eles, os condicionadores de ar.

Para o diretor do ONS, ainda serão registrados significativos índices de carga de energia por conta das altas temperaturas.

Mas garantiu que não há risco de apagões ou racionamento.

Isto porque os reservatório das hidrelétricas estão com capacidade plena, que vão de aproximadamente 77% no Sudeste e Centro-Oeste, 90% no Norte, 71% no Nordeste e 97% na região Sul.

Chipp afirmou que há sobra de energia no país até 2014. Mas disse que um grande volume de energia vem sendo despachado pelas térmicas como forma de compensação dos reparos no sistema de Itaipu, que opera com redução de capacidade do sistema de transmissão.

Com isso, diz ele, fica afastado o risco de racionamento e apagão. O executivo acrescentou que as térmicas deverão continuar em funcionamento até maio, quando Itaipu deverá voltar a operar a plena carga.

Térmicas geram custo de R$ 5 milhões por semana Chipp disse que as térmicas geraram 2.472 megawatts na terça-feira e o custo da geração tem um peso para o consumidor de R$ 5 milhões por semana.

Se mantidas até maio, segundo o executivo, serão gastos R$ 80 milhões. Mas ele avalia que este é um preço que vale a pena ser pago.

¿ É um preço que vale pagar porque o custo de um blecaute é muito maior ¿ acrescentou.

Para Adriano Pires, economista e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), ainda não é possível fazer a conta de quanto o consumidor deverá sentir no bolso pelo acionamento das térmicas este ano. Vai depender, segundo ele, de quanto tempo ficarão em funcionamento. Mas afirmou que em 2010 a conta não deverá subir. Pelo contrário, poderá até mesmo ter redução.

¿ Em 2008, muita energia foi gerada com térmicas a óleo e gás e a conta foi paga em 2009.

Foram R$ 2 bilhões e a tarifa subiu. Em 2010, é possível até mesmo que haja redução na tarifa porque, com a crise o consumo de energia caiu ¿ diz ele. ¿ Agora, em ano de eleição e mesmo com reservatórios cheios, as térmicas são acionadas para evitar qualquer risco de apagão. E essa conta virá para o consumidor em 2011 ¿ continua Pires.