Título: Ambientalistas criticam governo
Autor: Doca, Geralda; Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 03/02/2010, Economia, p. 25

BRASÍLIA. Ambientalistas criticaram o licenciamento concedido pelo Ibama para a construção da usina de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). O diretor-executivo do Greenpeace no Brasil, Marcelo Furtado, afirmou que a obra faz parte de uma "política energética de mau gosto" do governo Lula. Já o superintendente de Conservação dos programas regionais da WWF no Brasil, Cláudio Maretti, disse que essa política não é sustentável.

Segundo Furtado, Belo Monte vai produzir energia a cinco mil quilômetros do local de consumo, o que vai significar desperdício na transmissão. Sobre as 40 condições socioeconômicas e ambientais do Ibama para liberar a obra, ele afirmou:

- Dado que Belo Monte é uma usina desnecessária para o Brasil, qualquer condicionalidade imposta pelo Ibama é irrelevante. O mal está na raiz.

Para Furtado, falta ao governo visão de sustentabilidade, pois o Brasil pode crescer com usinas hidrelétricas pequenas, energia de biomassa e eólica. Isso diversificaria a matriz energética e descentralizaria a produção, reduzindo o risco de apagões como o de novembro de 2009.

- Olhando o consumo e a geração de energia, vê-se que há desperdício. Mesmo assim, o governo opta por grandes obras em vez de investir na diversificação da matriz. O país vai crescer num modelo atrasado para os próximos 30 anos - disse Furtado.