Título: Alencar rouba cena em cerimônia no Congresso
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Fonte: O Globo, 03/02/2010, O País, p. 8

Vice-presidente emociona ao falar sobre doença e Dilma é bajulada por parlamentares

BRASÍLIA. A fala de improviso do vice presidente Jose Alencar, a pedido do próprio, roubou a cena da solenidade de abertura do 53º ano legislativo. Sorridente, ele foi ovacionado duas vezes por parlamentares e convidados, diante do balanço emocional que fez do seu tratamento contra o câncer. Dilma chegou atrasada e passou a maior parte do tempo, no alto da Mesa, sendo bajulada por petistas e aliados.

Alencar acabou provocando um certo constrangimento ao dizer que ninguém vota em vice.

- Graças a ele (presidente Lula) ganhei esse mandato, porque ninguém vota no vice, o voto é para o candidato a presidente.

O vice-presidente repetiu que tem sido transparente sobre sua doença e que não tem medo da morte.

- E tudo indica que Deus não quer me levar agora! No país todo tenho recebido manifestações de carinho e solidariedade. Mas não tenho ilusão que isso se reverta em votos. Se pensasse isso, estaria preparado para receber 100% dos votos.

Num terninho preto de gola alta, adornado com colar e brincos de pérolas, a ministra Dilma atropelou o protocolo e chegou ao plenário com mais de 15 minutos de atraso, quando o presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), já dava prosseguimento à sessão solene.

Sentada ao lado de Michel Temer, Dilma não discursou. Tampouco prestou atenção à leitura da mensagem presidencial que levou - feita pelo 1º secretário Rafael Guerra (PSDB-MG).

Da Mesa, ora acenava com sorrisos e tchauzinhos para aliados, ora esticava o rosto para dar e receber beijinhos de parlamentares da base. Na saída, cercada por cordão de isolamento formado por seguranças e assessores, se limitou a balbuciar uma frase sobre a pesquisa:

- Na vida não se sobe de salto alto.