Título: Redução do IPI divide governo
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Fonte: Correio Braziliense, 06/06/2009, Economia, p. 23

Equipe econômica avalia efeitos do corte no Imposto sobre Produtos Industrializados. Decisão sobre se o benefício será ou não prorrogado deverá ser tomada no fim do mês

A decisão de prorrogar ou não a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, produtos da linha branca e materiais de construção só deve ser tomada no fim do mês. O Ministério da Fazenda avalia uma série de aspectos macroeconômicos antes de apontar uma saída, pois teme que passos em falso acabem por prejudicar a recuperação dos setores beneficiados pela mudança tributária. O governo reconhece que a ação foi benéfica para alavancar as vendas e estimular a economia, mas sabe que o corte não pode durar para sempre.

Nos bastidores, a avaliação é que o crédito está voltando a patamares aceitáveis e há uma retomada da produção desses produtos. Por isso, há quem defenda a não prorrogação do incentivo fiscal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, simpatiza com a ideia de manter a redução do IPI pelo menos para os automóveis até o fim do ano, em função de ser um setor de forte impacto na economia e intensivo de mão de obra. Para os produtos da linha branca, o Palácio do Planalto admite, porém, que a medida não surtiu os efeitos desejados.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, disse ontem ser contra a prorrogação da queda do IPI para a venda de carros novos, além da data limite que é 30 de junho. Em encontro que discutiu alternativas para dinamizar a participação da região do ABC paulista na cadeia automotiva, o ministro adiantou que o tema será discutido em alguns dias. A geração indireta de impostos, em razão do aumento das vendas, é um dos pontos que será analisado. Miguel Jorge terá reuniões específicas com o Ministério da Fazenda para discutir o assunto.

Miguel Jorge reiterou que é importante que os consumidores saibam que a isenção vai acabar e recomendou que as famílias não adiem suas decisões de compra. O ministro lembrou ainda que Inglaterra, França e Alemanha, cujos governos estão oferecendo bônus para compra de veículos, também fixaram prazo como forma de concentrar as vendas durante o momento mais crítico da crise econômica mundial. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) acredita que as vendas do setor vão cair em julho, caso a redução do IPI seja suspensa.