Título: Emprego industrial tem pior queda desde 2002
Autor: Melo, Liana
Fonte: O Globo, 10/02/2010, Economia, p. 21

Fiesp calcula que país perdeu 180 mil postos de trabalho em 2009 e retração chegou a 5,3%, segundo IBGE

Afetado pela crise econômica mundial, o emprego na indústria amargou em 2009 a sua pior queda desde 2002, quando o IBGE iniciou a sua série histórica.

A retração foi de 5,3%. Dos 18 setores, apenas um apresentou resultado positivo no ano passado.

Foi o de papel e gráfica que cresceu 7,2%, enquanto os de madeira e transporte apresentaram quedas de 16,8% e 9,8%, respectivamente. Os dados de emprego também apontaram uma queda de 0,6% em dezembro contra novembro e uma variação negativa de 2,7% se comparados com o mesmo mês do ano anterior.

Mas para o IBGE, esse resultado não interrompe a trajetória de recuperação iniciada em meados do ano passado. Embora o ano de 2009 tenha começado com uma retração de 4% no emprego industrial, os últimos trimestres apresentaram saldos positivos de 0,3% e 1,6%, respectivamente.

¿ A recuperação no mercado de trabalho começou no segundo semestre. Só que há uma defasagem de três a quatro meses entre produção industrial e emprego ¿ diz a gerente da pesquisa Isabella Nunes.

O IBGE revela que há indícios de que a indústria deve registrar resultados positivos em janeiro e fevereiro, mas o impacto no emprego só deve começar a ser sentido no meio do ano. No ano passado, a produção industrial brasileira caiu 7,4%, maior queda em quase 20 anos.

Consultorias preveem expansão em relação a 2009 Já a folha de pagamento, por sua vez, recuou 2,8% em 2009, só que, neste índice ¿ salienta Isabella ¿ está embutido o total pago com as dispensas feitas pela indústria durante o ano.

Cálculos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) dão conta que foram fechados 90 mil postos de trabalho em 2009, no estado.

¿ Considerando que São Paulo representa 50% do mercado de trabalho no país, podemos concluir que, em 2009, foram fechadas cerca de 180 mil vagas ¿ revela o diretor do Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos da Fiesp, Walter Sacca.

Segundo o IBGE, o setor mais afetado foi o de madeira, que fechou o ano com uma retração de 16,8%.

¿ O maior rigor nas fiscalizações e a redução das exportações ajudam a entender a queda na produção e no mercado de trabalho do setor de madeira ¿ disse Isabella, explicando que, no extremo oposto, o setor de papel e gráfico beneficiou-se do mercado interno, especialmente pelas compras governamentais de livros didáticos.

Apesar dos resultados negativos em dezembro, a perspectiva para o emprego na indústria segue boa, na avaliação da MCM Consultoria. Em nota, a empresa admite apostar num cenário de crescimento para o setor industrial este ano. Tanto assim que as projeções da MCM é de um crescimento de 8,5% na produção industrial em relação a 2009. O economista Sílvio Sales, consultor da Fundação Getulio Vargas (FGV), também concorda que a recuperação da indústria deve melhorar o desempenho dos indicadores de emprego em 2010.

CNI faz sondagem no setor de construção civil Diante das perspectivas de grandes obras anunciadas pelo governo e do lançamento do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida em 2009, a indústria da construção civil fechou 2009 aquecida e otimista com as perspectivas de expansão.

O nível de atividade cresceu em dezembro em relação ao mês anterior e, segundo os empresários do ramo, manteve-se mais forte do que o usual para o período.

Os dados são da Sondagem da Construção Civil da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O gerente de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, diz que otimismo da indústria da construção é ainda maior do que o da indústria de transformação, principalmente nas grandes empresas. O setor já avisou que pretende dar início a novos empreendimentos nos próximos seis meses, vai aumentar as compras de matérias-primas e contratar pessoal.