Título: Entre SP e Alagoas, um abismo na gestão das empresas
Autor: Oswald, Vivian; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 14/02/2010, Economia, p. 23
BRASÍLIA. Um olhar sobre as companhias de saneamento mostra enormes disparidades entre os estados brasileiros. De um lado, há empresas com ações listadas na Bolsa de Nova York ou consideradas modelos a serem copiados internacionalmente. De outro, há quem não consiga sequer pagar suas despesas do dia a dia.
Segundo o Ministério das Cidades, de um total de 27 empresas, apenas sete são consideradas equilibradas: Sabesp (SP), Sanepar (PR), Copasa (MG), Caesb (DF), Cesan (ES), Saneatins (TO) e Embasa (BA). Já a Casal (AL) é apontada por fontes do mercado como uma das piores companhias do país.
A Cedae, por sua vez, é considerada uma empresa em fase de recuperação.
O presidente da companhia, Wagner Victer, disse que a companhia passou de um déficit mensal de R$ 30 milhões para um superávit de R$ 30 milhões e está se modernizando e ficando mais enxuta.
O presidente da Sabesp, Gesner de Oliveira, contou que a empresa ¿ listada nas bolsas brasileira e de Nova York (a única da América Latina na área de saneamento) ¿ é hoje a maior tomadora de recursos do FGTS. A Sabesp investiu R$ 1,9 bilhão em 2009 e completará, este ano, R$ 6,8 bilhões desde 2007.
¿ Além dos investimentos, houve também a redução de perdas (desperdício de água por falhas e ¿gatos¿ no sistema). Herdamos um índice de 32% que já foi reduzido para 26%. Trata-se de uma Ribeirão Preto a cada ano sem que precisemos de novos mananciais ¿ afirmou Oliveira.
A Caesb, em Brasília, investiu em saneamento R$ 1,7 bilhão nos últimos dez anos, sendo que R$ 900 milhões vieram de recursos próprios. A cobertura de saneamento no DF é de mais de 90% e a empresa acaba de ser convidada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) a reformular o sistema de saneamento arrasado por terremotos no Haiti.
¿ Planejamos investir mais R$ 2,3 bilhões até 2017, sendo que R$ 750 milhões estão voltados para a modernização do sistema e a construção de novas estações de tratamento de esgoto ¿ disse o diretor de Engenharia e Meio Ambiente da Caesb, Cristiano Magalhães de Pinho.
A Casal, por sua vez, tenta reequilibrar suas finanças para poder fazer investimentos que melhorem a cobertura de saneamento de Alagoas.
Na capital Maceió, a cobertura de saneamento é de apenas 30%. No estado em geral, cai para 17%.
Segundo o presidente da Casal, Jessé Motta, a empresa não tem condições de tomar recursos porque está endividada. Ela acaba de se inscrever no Refis para tentar sanear as suas contas e refinanciar uma dívida tributária de R$ 370 milhões.
¿ Não há como fazermos investimentos.
Não temos como urbanizar terrenos para o Minha Casa, Minha Vida, por exemplo ¿ reconheceu Motta.
(Martha Beck e Vivian Oswald)