Título: Polícia Civil do DF vai apurar espionagem
Autor: Leali, Francisco
Fonte: O Globo, 15/02/2010, O País, p. 3

BRASÍLIA. A Polícia Civil do Distrito Federal deverá abrir sindicância para apurar a suspeita de que o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda, usou o órgão para espionar o Ministério Público, conforme noticiou ontem O GLOBO. A Secretaria de Segurança Pública do DF informou ter recebido com surpresa a notícia de que Arruda usou agentes para levantar dados sobre investigações.

Documento apreendido pela PF na casa de Domingos Lamoglia, ex-chefe de gabinete de Arruda na Câmara e conselheiro de Tribunal de Contas do DF, lista investigações que estavam sendo conduzidas em sigilo pelo MP. O autor do documento, não identificado, sugere que Arruda procure o Departamento de Atividades Especiais da Polícia Civil para obter mais detalhes.

"A Divisão de Crimes Contra a Administração Pública coordenada pelo Depate (Cícero) é um importante órgão de Investigação e Inteligência que dispõe de informações de grande interesse político. O diretor da Decap é pessoa altamente profissional, qualificada e de minha maior confiança. Sugiro que o governador acione o Cleber (então diretor da polícia) juntamente com o (delegado) Cícero e o Titular da Decap para esclarecimentos mais detalhados", diz o texto. O autor escreve que não pode aparecer como fonte das informações prestadas.

Arruda passou o domingo de carnaval praticamente sem receber visitas. Nenhum parente foi vê-lo, exceto o cunhado Fábio, irmão de sua esposa, Flávia, que foi levar almoço - arroz com carne. Um amigo identificado como Paulo Wilson esteve com Arruda e levou três livros, cujos títulos não revelou. À tarde, um de seus advogados, Thiago Bouza, esteve na PF e disse que Arruda está menos abatido.

O presidente em exercício do DEM no DF, deputado Osório Adriano, tentou ver o governador, mas não pôde entrar porque não tinha agendado a visita. Uma senhora que se apresentou como avó de Arruda também tentou entrar, mas foi barrada. Arruda está numa sala com banheiro, na superintendência da PF. Segundo a PF, ele não tem TV e não pode sair da sala desde que se entregou na quinta-feira.