Título: Nova baixa no Gabinete de Chávez
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 12/02/2010, O Mundo, p. 30
Ministro da Saúde, Carlos Rotondaro, estaria insatisfeito com presença de médicos cubanos no setor
Correspondente
BUENOS AIRES. Após anunciar cinco mudanças de gabinete nas últimas três semanas, o governo da Venezuela confirmou a saída do ministro da Saúde, Carlos Rotondaro, que, segundo versões publicadas pela imprensa local, teria se demitido do cargo por considerar excessiva a presença de médicos cubanos no setor (estima-se que nos últimos oito anos cerca de 30 mil médicos cubanos colaboraram com a revolução chavista). A versão foi desmentida pelo presidente Hugo Chávez, que voltou a defender sua aliança com Cuba.
¿ Cuba e Venezuela representam a mesma revolução pela dignidade dos povos, a liberdade e a independência ¿ disse Chávez, que atribuiu a saída do ministro a motivos de saúde
Para analista, substituto não é capacitado para o cargo O ministério ficou em mãos de Luis Reyes Reyes, que estava encarregado do Despacho Presidencial.
Segundo analistas locais ouvidos pelo GLOBO, o novo ministro não está capacitado para administrar o Ministério da Saúde, que nos últimos meses foi um dos mais questionados pela oposição por sua ineficiência.
¿ O governo colocou uma pessoa que não tem a menor ideia do que deve ser feito ¿ disse Victor Maldonado, professor da Universidade Católica, para quem ¿a mudança é mais um capítulo do colapso sistêmico que assola o país¿.
Para Nicolás Toledo, da empresa Consultores XXI, ¿Chávez muda alguns ministros, mas continua se sustentando no mesmo grupo de colaboradores mais próximos, em sua grande maioria militares¿: ¿ O presidente é um grande triturador de colaboradores e continua concentrando os cargos mais importantes em militares da sua confiança.
Ambos analistas criticaram o recente decreto de emergência elétrica nacional, assinado segunda.
A iniciativa, argumentam Toledo e Maldonado, aumentou o poder do presidente para adotar medidas arbitrárias, entre elas novas expropriações.
¿ Com o decreto, Chávez poderá realizar compras estatais sem passar por licitações. Vai aumentar a intervenção do Estado na economia, que já é absurda ¿ enfatizou Toledo.
Com graves problemas energéticos e, também, em áreas como segurança e saúde, Chávez está perdendo cada vez mais popularidade.
Pesquisa divulgada ontem em Caracas mostrou que a imagem positiva do líder alcança 58,3%, bem abaixo dos 71% atingidos em setembro de 2008.
Já em campanha para as eleições legislativas deste ano, o presidente afirmou que ¿no próximo dia 26 de setembro vamos varrer essa oposição grosseira¿.
A disputa entre o governo e os meios de comunicação continua se aprofundando. Ontem, foi confirmada a saída do diretor do canal de TV Globovision, um dos mais perseguidos pelo Palácio Miraflores, Alberto Ravell.
Segundo fontes do canal, Ravell foi obrigado a renunciar por pressão do governo, que exigiu seu afastamento aos sócios principais da empresa. O canal, que sofreu várias ameaças nos últimos tempos, garantiu que não modificará sua linha editorial