Título: Em carta à população, Arruda diz ser vítima de campanha difamatória
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 12/02/2010, O País, p. 4
Governador afastado culpa "quadrilha que confunde opinião pública"
BRASÍLIA . Além da mensagem enviada à Câmara Legislativa, comunicando sua licença do cargo, o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda, redigiu carta de próprio punho expressando indignação com a decisão do STJ de decretar sua prisão preventiva.
Nos dois documentos, se diz vítima de campanha difamatória e anuncia a decisão de se licenciar, para proteger a cidade.
Arruda afirma na mensagem à Câmara estar consciente de ter desarmado ¿uma quadrilha que se locupletava de dinheiro público há muitos anos¿ e que essa quadrilha se volta contra ele ¿de maneira torpe para confundir a opinião pública, confundir as autoridades¿ e tramar sua saída do governo. Isso numa referência ao autor das denúncias, seu ex-secretário Durval Barbosa, e ao ex-governador Joaquim Roriz, que vem acusando de ter iniciado o esquema.
O governador diz na mensagem que irá enfrentar tudo com ¿serenidade, equilíbrio e a firme determinação de fazer com que a verdade prevaleça, e de que bandidos, travestidos de mocinhos, sejam desmascarados¿.
Ele finaliza dizendo que quer a conclusão do inquérito da PF que investiga sua participação no esquema do mensalão do DEM, e o julgamento definitivo de todas as denúncias.
¿Para que, pelo menos, o meu sofrimento pessoal e todas as dificuldades que tenho vivido sirvam para livrar Brasília dos atos perniciosos que a acompanham há tanto tempo¿, argumenta Arruda.
Na carta, endereçada¿ aos amigos do GDF¿, o tom é mais informal e apelativo. Arruda diz que a ¿campanha difamatória¿ atingiu não só ele, eleito pelo voto popular, mas Brasília. Pede que todos ajudem Paulo Octávio a dar continuidade às obras e projetos que vinha executando. Faz um apelo para que não sejam interrompidas nem pequenas obras, como o asfalto ¿da cidade mais pobre, as escolas, as vilas olímpicas, os postos policiais, os postos de saúde¿.
Critica a decisão do STJ de pedir sua prisão preventiva, acrescentando que, anteontem, seus advogados informaram o relator, ministro Fernando Gonçalves, que ele estaria disposto a depor e que o depoimento foi considerado desnecessário.
¿Nos momentos mais graves da vida brasileira (...), não se viram medida judiciais coercitivas dessa gravidade¿, disse Arruda na carta ao povo de Brasília.