Título: PT amplia seus poderes para impor alianças
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 12/02/2010, O País, p. 12

Diretório Nacional do partido terá última palavra em estados onde acordos prejudiquem candidatura à Presidência

BRASÍLIA. A Executiva Nacional do PT preparou um documento de tática eleitoral que dará poderes ao Diretório Nacional do partido para fazer uma espécie de ¿intervenção branca¿ em diretórios estaduais que decidam por alianças que possam prejudicar a coligação em torno da candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff. O documento intitulado ¿Os desafios de 2010: a vitória de Dilma e o crescimento do PT¿ será aprovado na próxima semana, durante o Congresso Nacional do partido.

O texto final já foi aprovado por unanimidade pela Executiva do partido e sofreu apenas ajustes de redação. O documento ressalta que a questão central do PT neste ano será a eleição da ministra Dilma, e que os demais projetos da legenda precisam estar subordinados a essa estratégia. Para isso, o comando nacional recomenda a construção de palanques únicos nos estados para a eleição de governadores petistas ou de aliados.

Com a aprovação, qualquer decisão estadual poderá ser revista pelo Diretório Nacional do partido. O PT não quer correr qualquer tipo de risco que prejudique a candidatura de Dilma.

O presidente eleito do partido, o ex-senador José Eduardo Dutra, confirmou a existência do documento sobre tática eleitoral: ¿ Em última instância, essa resolução dará poderes para o Diretório Nacional deliberar sobre questões impeditivas para a realização de alianças nos estados.

Se houver decisões nos estados que coloquem em risco a eleição nacional, a última palavra será do Diretório Nacional.

O dirigente nega a intenção de intervir, mas admite que a resolução foi pensada para evitar o trauma da eleição de 1998, quando o comando nacional do PT teve que intervir no diretório estadual do Rio de Janeiro para vetar a candidatura própria e forçar o partido a fazer aliança com o PDT, em favor da eleição de Anthony Garotinho ao Palácio da Guanabara. À época, foi a condição do ex-governador Leonel Brizola para ser candidato a vice na chapa presidencial do PT encabeçada por Lula.

Hoje, o principal problema do partido é a sucessão em Minas.

PMDB e PT querem lançar candidatos ao governo estadual. O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), cobra o apoio do PT, mas o partido tem dois pré-candidatos: o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social).

Também há problemas no Pará, onde a governadora Ana Júlia (PT) está rompida com o deputado Jader Barbalho (PMDB), e na Bahia, onde o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), deve enfrentar o governador Jaques Wagner (PT).

A cúpula petista quer ter em mãos essa resolução, aprovada no Congresso Nacional do partido, para ter autonomia para tomar a decisão final. Mas, na prática, admitem os petistas, o Diretório Nacional fica com poderes de intervir nos estados. O documento diz que além da prioridade de buscar alianças em todos os partidos, o PT tem que ter como objetivo ampliar as bancadas no Senado e na Câmara.

¿ Todos os projetos regionais e disputas proporcionais serão subordinados ao projeto nacional ¿ reforça o presidente do PT, o deputado Ricardo Berzoini (SP).