Título: Paulo Octávio não terá apoio do DEM
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Fonte: O Globo, 13/02/2010, O País, p. 4

Partido reitera a filiados que devem deixar cargos no governo até quinta Cristiane Jungblut e Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Preocupado com estragos na imagem do partido, o comando nacional do DEM decidiu que não dará sustentação política ao governo interino de Paulo Octávio no Distrito Federal, e pressionou para que ele se afaste das funções partidárias ¿ ele é presidente do DEM no DF e integrante da Executiva Nacional ¿, mas não do partido. A cúpula do DEM ainda não fala em expulsá-lo da legenda.

Parlamentares do partido, no entanto, já planejam propor sua desfiliação na próxima semana, como fizeram em dezembro com o governador afastado José Roberto Arruda.

Em nota, o DEM reiterou que os filiados com cargos no governo do DF devem pedir demissão até quinta-feira, inclusive o secretário dos Transportes, deputado Alberto Fraga, que resiste a sair desde dezembro e ontem voltou a desafiar o partido.

O próprio presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), avisou a Paulo Octávio da posição do partido.

¿ O partido reitera que os filiados não devem fazer parte do governo e que os problemas de Brasília devem ser resolvidos de outra forma. Neste momento, não cabe apoio político.

Brasília, com intervenção ou não, precisa de um governo que priorize os quadros técnicos ¿ disse Maia. ¿ E a principal ação que o DEM fez foi o processo de saída do governador Arruda. O resto é a informação de que vamos continuar na mesma linha: os problemas ocorrem, e a gente resolve.

Segundo aliados, Paulo Octávio trabalha com a possibilidade de afastamento prolongado de Arruda. Aliados do vice já falam em governo de até nove meses.

Por isso, a cautela e as movimentações políticas. Ainda na quinta-feira, Paulo Octávio passou a noite no telefone, até com políticos de outros partidos, como José Sarney (PMDB-AP).

Ontem, ele teve uma reunião com secretários e esteve com o procurador-geral do DF, Marcelo Galvão, para tratar da defesa do pedido de intervenção apresentado pela Procuradoria Geral da República ao Supremo Tribunal Federal. Também fez uma visita ao presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Nívio Gonçalves, acompanhado do presidente da Câmara Distrital, deputado Wilson Lima (PR).

Para Serra, prisão de Arruda não abala aliança com DEM

Em Paraitinga, interior de São Paulo, o governador do estado, José Serra (PSDB), disse que a prisão de Arruda é uma decisão da Justiça que precisa ser respeitada.

¿ Pessoalmente, evidentemente, é algo (o que aconteceu no DF) que a gente lamenta.

Seria melhor que tudo isso não tivesse acontecido e não houvesse todo esse constrangimento ¿ afirmou Serra.

Ele disse que a aliança entre o PSDB e o DEM, partido do qual Arruda fazia parte, não fica fragilizada, mas se negou a fazer outros comentários.

Três políticos do DEM que estavam em cargos do primeiro escalão do governo Arruda já tinham pedido exoneração. Ainda há filiados em cargos de segundo e terceiro escalões e diretorias de estatais. A nota do DEM diz: ¿Independentemente de quem esteja respondendo pela chefia do Poder Executivo local, o prazo fatal para a desocupação dos cargos é o primeiro dia útil após o feriado de carnaval¿.

E ameaça os desobedientes com sanções disciplinares previstas no estatuto do partido.

No esforço de não se isolar no comando do GDF, Paulo Octávio pediu audiência, para ontem, com o presidente Lula, mas não foi possível atendê-lo, informou a Presidência, por causa da agenda cheia. Não está descartado que o encontro seja quarta, mas o Planalto avalia que não é o momento de Lula se encontrar com Paulo Otávio, porque o processo está na Justiça.