Título: BNDES lucra R$ 6,7 bi em 2009, em alta de 26,7%, graças a empréstimos
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 19/02/2010, Economia, p. 26

Em meio à crise, desembolsos cresceram 49% e ajudaram no resultado

O BNDES apresentou em 2009 um lucro de R$ 6,735 bilhões, valor 26,7% acima do resultado do ano anterior, que foi de R$ 5,313 bilhões. O crescimento do lucro foi puxado principalmente pelo forte aumento dos financiamentos concedidos ¿ os desembolsos subiram 49%, de R$ 92,2 bilhões em 2008 para R$ 137,4 bilhões no ano passado.

¿ A expansão dos financiamentos foi possível devido às recentes captações junto ao Tesouro Nacional ao longo de 2009, que totalizaram R$ 105 bilhões. O maior volume de operações compensou a redução dos spreads (diferença entre a taxa de juros paga pelo banco e a repassada ao mercado) cobrados pelo BNDES em seus financiamentos ¿ afirmou o presidente do banco, Luciano Coutinho.

O resultado do BNDES também foi influenciado pela redução da provisão para despesas operacionais líquidas.

Somente uma única ação judicial vencida em instância superior retirou desta conta R$ 600 milhões.

¿ O resultado do banco em 2009 é muito bom, principalmente se levarmos em conta que era um ano de crise. E isso nos dá um indicativo de que o resultado de 2010 também será positivo ¿ disse.

Crescimento do lucro só não superou Itaú Unibanco O BNDES apresentou um dos maiores crescimentos nos lucros entre instituições financeiras até agora: 26,7%. Entre os grandes bancos que já divulgaram resultados, apenas o maior banco privado do país, o Itaú Unibanco, registrou uma taxa de crescimento maior: 29%. O Bradesco aumentou seu lucro em 5,1% e a Caixa sofreu uma queda de 22,8% em seu resultado.

Em dezembro de 2009, a carteira de crédito do banco era de R$ 280 bilhões. Com isso, sua participação na oferta total de crédito da economia subiu de 17% para 20% entre o fim de 2008 e o fim de 2009.

Coutinho afirmou que o crescimento dos empréstimos ocorreu sem a deterioração da qualidade dos financiamentos do banco. Ele destacou que 97,7% da carteira do banco era classificada com baixo risco, contra 91% da média do mercado financeiro. Ele também minimizou o aumento da inadimplência, que passou de 0,11% do total dos empréstimos do banco no fim de 2008 para 0,20% em 2009: ¿ Essa inadimplência é muito pequena e costuma oscilar. Já foi 0,10%, e já foi 0,20%. Varia conforme o dia, mas quase sempre está abaixo de 0,30%, um patamar extremamente baixo.

Coutinho negou que o banco esteja planejando emprestar R$ 20 bilhões à Petrobras para que a estatal possa iniciar os investimentos necessários à exploração do petróleo da camada do pré-sal, caso o projeto de lei que prevê a capitalização da empresa não seja aprovado pelo Congresso Nacional até abril.

Coutinho: não houve pedido de empréstimo para pré-sal O projeto de lei prevê que a União repasse cinco bilhões de barris de petróleo à empresa, para que ela faça caixa e invista na exploração do petróleo.

¿ Esperamos que o Congresso aprove (o projeto), é prematuro falar agora de um novo empréstimo. A Petrobras é perfeitamente capacitada para tocar seus investimentos, mas se esse assunto se tornar necessário, apenas em uma hipótese, vamos analisar a questão, quando e se isso ocorrer. Não houve nenhuma carta consulta e nem comigo (alguma conversa informal).

Pode ser que tenha ocorrido (entre profissionais da Petrobras e do BNDES) mas comigo, não ¿ disse.

Ele afirmou que, quando ocorrer a capitalização de Petrobras, o BNDES estuda acompanhar a oferta de ações ao mercado para manter sua participação de 7,7% na empresa, embora não abandone a ideia de até aumentar sua fatia na empresa.