Título: Promessa atual é de sair do DEM
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 19/02/2010, O País, p. 4

Com decisão de não renunciar, Paulo Octávio perdeu os últimos apoios na sigla

BRASÍLIA. Ameaçado pelo DEM de sofrer um processo de expulsão sumária, o governador em exercício do Distrito Federal, Paulo Octávio, comunicou ontem à noite a integrantes da cúpula da legenda que irá pedir a desfiliação do partido hoje. No início da noite, ele telefonou para o líder da legenda, senador José Agripino Maia (DEM-RN), e avisou que deixará o partido.

Na conversa, o governador pediu desculpas por ter voltado atrás na renúncia. Agripino respondeu a ele que tinha sido muito ruim; e Paulo Octávio afirmou que vai se desfiliar. Agripino, então, concordou.

¿ Vou sair, mas estou estudando a melhor forma. Não quero causar constrangimento ao meu partido ¿ disse o governador, ontem à noite.

Rodrigo e Agripino Maia dizem que ficaram perplexos Segundo um interlocutor, ele ficou incomodado com a falta de apoio do partido e com as declarações públicas de integrantes do DEM contra a sua permanência. Paulo Octávio disse que vai se desfiliar para mostrar que não será candidato à reeleição. A cúpula do DEM respirou aliviada. O partido quer evitar o grande desgaste que teria durante semanas com as notícias sobre o processo de expulsão.

Pouco antes, a cúpula do DEM classificara de desastrosa a posição de Paulo Octávio, de não renunciar. Os dirigentes do partido já consideravam que, diante dessa decisão, ele não tinha mais condições de ficar na legenda. Para o partido, ao tomar a atitude de ontem, Paulo Octávio, enviou um sinal de que não ficaria mais no DEM.

¿ Ficamos perplexos. O melhor que ele deveria fazer era escolher um caminho só. O que ele fez só enfraquece a sua posição no partido e no governo ¿ disse o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ).

O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), também disse ter ficado perplexo ao saber que Paulo Octávio não havia renunciado. Agripino disse que o próprio governador ligou para ele, meia hora antes, anunciando que renunciaria.

A Executiva Nacional do DEM já agendara para semana que vem uma reunião em que analisará o pedido de expulsão de Paulo Octávio. O DEM ainda deve decidir sobre o pedido de intervenção no diretório do DF e tirar uma posição pela desfiliação imediata dos que insistam em permanecer com seus cargos no governo local.

Até ontem, o DEM estava dividido em relação à expulsão do governador. Mas, ao insistir em continuar administrando Brasília, ele contrariou até seus defensores no partido. Antes de tomar a decisão, o governador falou com integrantes do DEM para tentar obter apoio, como o ex-presidente da sigla e ex-senador Jorge Bornhausen (SC).

Mas não conseguiu.