Título: Intervenção: aliados e oposição temem mais crise
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 21/02/2010, O País, p. 13

Políticos dizem que medida é desnecessária; interventor poderia fazer devassa nas contas BRASÍLIA. A crise política que varre o Distrito Federal e levou à prisão o governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), conseguiu unir governo e oposição em torno de um ponto: a rejeição à intervenção federal proposta pelo Ministério Público. Mesmo deputados oposicionistas, que usam a ameaça de intervenção como arma para fazer andar os pedidos de impeachment ou forçar a renúncia de Arruda e do governador em exercício, Paulo Octávio (DEM), resistem à medida.

O deputado federal Geraldo Magela (PT-DF), pré-candidato ao governo do DF, defende a saída de Arruda e Paulo Octávio. A argumentação é que a linha sucessória deve ser seguida à risca.

Ou seja, que assumam o cargo, pela ordem: o presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR); o vice-presidente da Câmara, Cabo Patrício (PT); e o presidente do TJ, Nívio Gonçalves.

¿ Só seria admissível a intervenção se não fosse garantida a normalidade jurídica, e não acho que ela esteja em risco. É uma medida extrema, mas reconheço que um interventor poderia auxiliar nas investigações ¿ disse o deputado.

Um interventor teria poder para vasculhar contratos e até suspender pagamentos. Medidas que os envolvidos no esquema do mensalão preferem nem cogitar.

Na Câmara Legislativa, o risco de intervenção foi um divisor de águas. No início do escândalo, governistas manobravam para abafar o caso. Já na última quinta-feira, acataram os pedidos de impeachment contra Arruda e Paulo Octávio.

O líder do PT na Casa, Paulo Tadeu, não esconde o desconforto.

Ele diz que a medida só serviria em caso de omissão das instituições locais: ¿ Toda intervenção, do ponto de vista político, é muito ruim.

Mas é um mal necessário, se os poderes perderem a ação.

Se a oposição rejeita a ideia, mais ainda os governistas. Aliado de Arruda, o distrital Raimundo Ribeiro (PSDB) critica a medida: ¿ Uma intervenção é um golpe contra a democracia.

¿ Qualquer mudança maior vai paralisar as duas mil obras do GDF, trazendo prejuízo para a cidade ¿ afirma o deputado federal Osório Adriano, aliado de Arruda.