Título: Dívida federal cai R$ 43 bilhões e participação de estrangeiro é recorde
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 23/02/2010, Economia, p. 20

Mais resgate do que emissão fez débito em títulos recuar a R$ 1,355 trilhão

BRASÍLIA. A dívida pública mobiliária federal interna (DPMFI) começou o ano com um decréscimo de R$ 43 bilhões. O estoque da dívida em janeiro passou para R$ 1,355 trilhão, contra R$ 1,398 trilhão em dezembro de 2009, uma redução de 3,05%, segundo divulgou ontem o Tesouro Nacional. A dívida recuou porque o governo resgatou mais títulos públicos do que emitiu. Apesar dos juros de R$ 11,72 bilhões, o resgate líquido de papéis no mês passado foi de R$ 54,4 bilhões, devido ao grande volume de títulos prefixados, que vencem tradicionalmente nos meses de janeiro.

A forte redução da dívida mobiliária interna mais do que compensou o aumento de quase R$ 3 bilhões do endividamento externo, que contabiliza os títulos públicos emitidos no exterior.

Com isso, a dívida pública federal (soma das dívidas mobiliárias interna e externa) foi de R$ 1,457 bilhão em janeiro, contra R$ 1,497 bilhão no mês anterior.

Trata-se de uma queda em torno de R$ 40 bilhões.

Volume de venda do Tesouro Direto foi segundo maior A participação dos estrangeiros no estoque da dívida nunca foi tão alta e cresceu R$ 5 bilhões em relação ao mês anterior. A alta em valores absolutos se deveu ao maior apetite dos investidores estrangeiros por papéis brasileiros, que teriam comprado cerca de R$ 4 bilhões a mais no período. O restante seria devido à valorização desses papéis no mercado.

O estoque em mãos de estrangeiros passou de R$ 109,7 bilhões, ou 8,11% do total, em dezembro do ano passado, para R$ 114,54 bilhões, ou 8,74%. O crescimento percentual se explica pela queda do volume total da dívida, o que provoca um aumento proporcional da participação dos estrangeiros.

¿ O interesse deles cresceu em função dos fundamentos macroeconômicos positivos do país e das perspectivas de continuidade dos bons indicadores.

Além disso, os juros aqui são mais atraentes se comparados às condições macroeconômicas brasileiras ¿ disse o coordenadorgeral de Operações da Dívida Pública do Ministério da Fazenda, Fernando Garrido.

O programa Tesouro Direto registrou em janeiro o segundo maior volume de vendas da história: R$ 212,69 milhões. Perdeu apenas para outubro de 2008, quando as vendas chegaram a R$ 259,1 milhões, em função da migração de investimentos da bolsa para o programa, movida pela crise financeira. O público comprou 19% mais papéis do Tesouro Direto em janeiro deste ano do que 12 meses antes.

Os resgates dos títulos, em sua maioria prefixados, realizados em janeiro pelo Tesouro Nacional diminuíram a parcela desses papéis no total da dívida, passando de 32,20% do total em dezembro de 2009 para 28,23%.

Já a parcela atrelada a índices de preços e à Selic (taxa básica de juros) cresceram no mesmo período, subindo de 26,72% para 28,14% e de 33,41% para 35,48%, respectivamente, em função das emissões de títulos em janeiro.

Segundo Garrido, a demanda do mercado pelos papéis vinculados a esses indicadores ao longo do mês aumentou. Dos R$ 54,4 bilhões vendidos ao mercado, R$ 4 bilhões se referem a recursos previstos no decreto 470, que prevê a capitalização da Caixa Econômica Federal, no valor total de R$ 6 bilhões. Os outros R$ 2 bilhões foram emitidos ainda em novembro do ano passado.