Título: Nova suspeita envolve sobrinho de governador
Autor: Weber, Demétrio; Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 23/02/2010, O País, p. 8

Gravações indicam cobrança de propina

BRASÍLIA. Investigações sigilosas do Ministério Público sobre o suposto envolvimento do subsecretário de Polos Econômicos da Secretaria de Desenvolvimento Social do DF, João Paulo Teixeira Alves, poderão complicar ainda mais a situação do governador interino Paulo Octávio (DEM). Gravações de conversas telefônicas feitas pela Polícia Civil, com autorização judicial, apontam o envolvimento de Teixeira num esquema de cobrança de propina de empresários interessados em lotes distribuídos pelo governo local, no Pro-DF.

Teixeira é sobrinho do governador em exercício e foi alçado à subsecretaria por Paulo Octávio.

No período das denúncias mais graves sobre cobrança de propina para a distribuição de lotes a empresários, Paulo Octávio acumulava o cargo de vice-governador com o de secretário de Desenvolvimento.

O nome de Teixeira Alves surge em conversa de dois funcionários da secretaria investigados.

No diálogo gravado, os dois citam a decisão de um empresário goiano que, arrependido do negócio, rejeita o terreno e ped a devolução do suborno. Um dos funcionários diz que só entregará o dinheiro se Teixeira Alves também devolver a parte que teria recebido.

As investigações começaram no fim de 2008; mas depois de esbarrarem no nome de Teixeira, pouco avançaram.

Os investigadores do caso suspeitam que a apuração, batizada à época de Operação Telos, foi vazada para o governador José Roberto Arruda, hoje afastado e preso. Documento apreendido pela PF indica que ele teria sido informado da investigação, que estava em sigilo, como O GLOBO noticiou semana passada.

O Pro-DF é um programa do governo local que visa a distribuir lotes e dar concessão de benefícios fiscais para empresários interessados em abrir negócios em áreas pouco visadas pelo mercado local.

Uma empresária, interrogada nas investigações, reclamou que estava sendo extorquida em R$ 50 mil. Outro denunciou que seria obrigado a pagar R$ 500 mil, se quisesse o terreno pleiteado. Procurado pelo GLOBO, Teixeira Alves não foi localizado.