Título: Aliado vai relatar processo contra Paulo Octávio
Autor: Weber, Demétrio; Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 23/02/2010, O País, p. 8

Já pedido de impeachment de Arruda, que está preso, fica nas mãos de um deputado do PT, de oposição

BRASÍLIA. A Câmara Distrital mostrou ontem que dará tratamento diferenciado aos pedidos de impeachment do governador afastado José Roberto Arruda (sem partido) e do governado em exercício Paulo Octávio (DEM). Para Arruda, que está preso, o relator escolhido é o deputado da oposição Chico Leite (PT). A tramitação do processo começa hoje. No caso de Paulo Octávio, o relator é governista, o deputado distrital Batista das Cooperativas (PRP); e o processo sofrerá atraso de 48 horas em relação ao de Arruda devido a um detalhe burocrático.

Ao escolher ontem o nome dos relatores da Comissão Especial da Câmara Legislativa do Distrito Federal, que analisará os pedidos de impeachment, os deputados constataram que a aprovação dos pedidos contra Paulo Octávio, ocorrida na última quinta-feira, não havia sido publicada no Diário Oficial da Câmara. Assim, o prazo para análise do processo contra ele só começará a contar nesta quinta-feira.

Para presidir a Comissão Especial, foi escolhido o deputado Cristiano Araújo (PTB). Para vice, o escolhido foi o deputado Paulo Roriz (DEM), ambos da base governista.

Ontem, a assessoria de Paulo Octávio anunciou que ele desistiu de entregar a carta de desfiliação ao DEM e deverá aguardar o resultado da reunião da Executiva Nacional de amanhã. Dirigentes do DEM estão dispostos a expulsá-lo do partido. O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), afirmou que votará a favor da expulsão de Paulo Octávio: ¿ Haverá a votação do pedido de expulsão, em rito sumário, e votarei a favor. Ele me ligou para dizer que iria renunciar.

Depois me ligou para pedir desculpas e dizer que se desfiliaria até segunda-feira (ontem).

Se entregar a carta antes de quarta-feira, acabará com o constrangimento que alguns membros terão de expulsá-lo.

Segundo Agripino, ainda serão analisados os pedidos de dissolução ou intervenção da Executiva Nacional no Diretório Regional do DEM-DF e a exclusão dos que se recusam a deixar os cargos no GDF.

O procurador-geral do Distrito Federal, Marcelo Lavocat Galvão, entregou ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) parecer em que pede a rejeição do pedido de intervenção no governo do DF. Galvão argumentou que a medida só pode ser decretada quando as instituições locais não funcionam.

Ministro da Justiça: ¿O caso do DF é bastante grave¿ Para Galvão, essa não é a realidade do Distrito Federal.

O parecer foi pedido pelo presidente do STF e relator da ação, ministro Gilmar Mendes.

O texto servirá para auxiliar os ministros no julgamento, ainda sem tem data marcada.

¿ As instituições republicanas têm respondido satisfatoriamente a toda essa crise política notória e grave a que estamos assistindo ¿ argumentou o procurador, que atua em defesa do governo do GDF.

Mas, para o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, a situação do DF é delicada.

¿ O caso do Distrito Federal é bastante grave; é a primeira vez que ocorre no Brasil, um ente federado que sedia a capital do país, o corpo diplomático.

Mas as instituições estão funcionando adequadamente.

Estamos conversando com o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e acompanhando de perto o desenrolar da segurança pública na capital.

Não podemos permitir que (a crise) afete a segurança da população ¿ disse Barreto.

O deputado Geraldo Magela (PT-DF) anunciou ontem que vai disputar com o ex-ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, prévias no partido para concorrer a vaga de governo do DF.