Título: Ações da Telebrás têm picos de alta desde 2007
Autor: Bôas, Bruno Villas; Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 24/02/2010, Economia, p. 19

Declarações de ministros e do presidente Lula afetam cotações, que já chegaram a subir 200% em um dia

O preço das ações da Telebrás passa por períodos de forte alta na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) há mais de dois anos, geralmente puxada pelas declarações de ministros e, mais recentemente, do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A promessa ao longo desses anos foi a de reativar a estatal, que se tornaria gestora do Plano Nacional de Banda Larga. Ao sabor de rumores, as ações PN (preferenciais, sem direito a voto) da Telebrás acumulam alta de 16.923% na Bovespa desde 2003, primeiro ano do governo Lula.

Neste ano, em 34 pregões, a alta das ações PN soma 216%.

O primeiro pico de procura ocorreu em 16 de novembro de 2007, quando o ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse que o governo pretendia levar a internet de alta velocidade (banda larga) para ¿todos os municípios brasileiros¿ e que a Telebrás seria uma opção para gerenciar a rede. Naquele dia, as ações PN subiram 200%, com volume financeiro de R$ 12,9 milhões e três mil negócios.

Em 26 de dezembro, decreto do governo liberando R$ 200 milhões para a Telebrás ¿ parte do plano de reativar a estatal ¿ elevou o volume financeiro com ações da empresa para R$ 13,3 milhões, muito acima da faixa de dias anteriores, que girava entre R$ 100 mil e R$ 500 mil.

Recentemente, em 19 de fevereiro, Lula voltou a falar em reativar a estatal, provocando alta de 14,81% nas ações PN da companhia. O volume financeiro chegou a R$ 219 milhões, com 14 mil negócios realizados no dia.

Ontem, após a publicação de reportagem na ¿Folha de S.Paulo¿ sobre o envolvimento do deputado cassado José Dirceu na Eletronet, as ações PN da estatal caíram 0,38%, cotadas a R$ 2,61 (lote de mil); as ON recuaram 1,57%, a R$ 2,50.

Entre as corretoras que mais têm negociado as ações da Telebrás nos últimos dias estão nomes como Interfloat, Ágora, TOV, Título, XP Investimentos e Um Investimentos, todas especializadas em pessoas físicas, o que, segundo analistas, mostra o perfil deste tipo de investidor como o mais recorrente com os papéis da estatal hoje fora de operação.

¿ Tem sido mais o pequeno investidor mesmo, que, quando sai uma notícia sobre a Telebrás, vai e compra ¿ disse um operador, descartando a presença de investidores de peso, institucionais, nesses negócios.

O valor médio das operações com os papéis PN da Telebrás, embora esteja aumentando, ainda é baixo se comparado ao de outras ações. No primeiro pregão do ano, com 179 negócios, era de R$ 7.710 por operação.

Ontem, foi de R$ 17.121. Com as ações da Petrobras, mais negociadas da Bolsa, o volume médio por negócio está em torno de R$ 35 mil.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou que ¿acompanha e analisa as informações e notícias relativas às companhias abertas e adota as medidas devidas quando necessário¿.