Título: De homem do ano a errante na ilha
Autor: Oliveira, Eliane; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 26/02/2010, O Mundo, p. 34

"El País" condena a atitude de Lula em Havana Apesar da responsabilidade do regime de Cuba, a morte do dissidente Orlando Zapata Tamayo acabou arrastando o presidente brasileiro aos holofotes internacionais. O jornal espanhol ¿El País¿ ¿ que no ano passado elegeu Lula a personalidade de 2009 ¿ criticou duramente o silêncio do presidente, que se limitou a lamentar o episódio.

¿A morte de Zapata é uma acusação adicional e motivo de condenação enérgica contra a mais longa ditadura da América Latina.

É um desafio para a comunidade internacional e principalmente para Lula, que tem nas mãos o papel de porta-voz da condenação à repressão política, tanto por seu lugar de potência emergente como pela coincidência de sua visita à ilha¿, diz um trecho do editorial.

¿A ida a Havana foi uma chance perdida de mostrar que é possível uma opção de esquerda capaz de oferecer progresso e bemestar pelo fortalecimento da democracia. O trato com Havana e o mito que a revolução castrista representa para partes da esquerda latina colocam todos os dirigentes da região numa situação difícil, principalmente o presidente brasileiro¿, afirma outro trecho.

No ¿El Mundo¿, a jornalista e escritora cubana Gina Montaner classificou o abraço de Lula ao líder Fidel Castro como ¿o abraço da morte¿. Na Flórida, o diário ¿Miami Herald¿ destacou que Zapata ¿não precisava morrer, mas sucumbiu diante do consentimento silencioso de líderes democráticos¿.

Enquanto no hemisfério norte, imprensa e governos reagiram em uníssono, criticando o regime dos Castro, na América do Sul, apesar da avalanche de condenações na imprensa, o presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, foi o único líder da região a ¿condenar energicamente¿ a morte de Zapata e defender a democracia no bastião comunista.