Título: Brasil tem em janeiro 1º superávit nominal desde a crise, de R$ 2,2 bi
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 26/02/2010, Economia, p. 26
Arrecadação maior faz receitas superarem despesas e pagamento de juros
BRASÍLIA. Pela primeira vez desde a crise global, as receitas em janeiro foram mais que suficientes para arcar com as despesas e o pagamento de juros, levando o Brasil a registrar superávit nominal. De acordo com o Banco Central (BC), impulsionado por arrecadação em alta e serviço da dívida em queda, o setor público teve resultado positivo de R$ 2,201 bilhões, o segundo melhor desempenho histórico do período, só atrás de janeiro de 2008, com R$ 7,620 bilhões. Desde outubro daquele ano o país não registrava superávit nominal.
Esse bom desempenho reforçou as expectativas de que a meta de superávit primário (economia para pagamento dos juros) ¿ de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) ¿ possa ser cumprida este ano integralmente, sem descontos, como ocorreu em 2009.
¿ A recuperação da atividade econômica vai aumentar a arrecadação ¿ disse o economistachefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves.
Ministro garante que eleições não afetarão resultado Segundo o BC, o superávit primário do setor público consolidado ficou em R$ 16,185 bilhões em janeiro, quase R$ 10 bilhões a mais que um ano antes (R$ 7,358 bilhões). O número de agora representa 2,32% do PIB num fluxo de 12 meses.
Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, essa relação vai melhorar ¿ao longo de 2010¿. Ele lembrou que as receitas federais estão apresentando bons resultados.
Em janeiro de 2009, segundo Lopes, elas somaram R$ 50,9 bilhões e, no mês passado, atingiram R$ 60,5 bilhões.
Apesar dos indicadores positivos, há preocupações sobre os gastos do governo ¿ como folha de pagamento ¿ em ano de eleição. A equipe econômica, porém, tem defendido que as despesas estarão sob controle.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o país está ¿no caminho certo¿: ¿ Num ano eleitoral, quando as más línguas acham que nós podemos gastar mais e não fazer o resultado fiscal, eu garanto que vamos fazer o resultado fiscal. O resultado de janeiro é a prova de que estamos nesse caminho.
No mês passado, o Governo Central (governo federal, BC e INSS) teve superávit primário de R$ 13,538 bilhões, e os governos regionais (estados e municípios), de R$ 2,691 bilhões. Já as estatais tiveram déficit primário de R$ 44 milhões.
O pagamento de juros em janeiro também recuou, de R$ 14,217 bilhões para R$ 13,983 bilhões. Isso ocorreu, explicou Lopes, por causa da Taxa Selic média mais baixa, refletindo os cortes do primeiro semestre de 2009. Com menos gastos com juros e resultado nominal positivo, a dívida líquida total do setor público fechou janeiro em R$ 1,318 trilhão, ou 41,7% do PIB.
Em dezembro essa relação era de 42,9%, e especialistas esperam queda. O BC calcula que ela encerrará o ano a 40% do PIB.
COLABOROU Martha Beck