Título: Prisioneiros da cadeira
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Fonte: O Globo, 28/02/2010, Ciência, p. 39
Homens foram feitos para andar, mas passam o dia todo sentados, diz médico
O corpo do Homo sapiens foi moldado para o movimento. Para caçar, nadar, coletar, plantar e, sobretudo, caminhar. Mas mudamos radicalmente nosso estilo de vida nos últimos anos, tornando-nos cada vez mais sedentários. Atualmente, a maioria da população passa grande parte do tempo sentada. São, em média, de 10 a 15 horas por dia no carro ou ônibus, no trabalho, em frente à TV. Sem falar nas horas de sono. As pessoas praticamente não andam mais e se movimentam muito pouco, constata o endocrinologista James Levine, da Clínica Mayo, em Rochester, nos EUA, que há dez anos estuda o papel dos movimentos cotidianos (atividades que queimam calorias mas não são exercícios físicos) em nosso metabolismo. O especialista, autor de ¿Mexa-se um pouco, emagreça muito¿ (Ed. Rocco), fez uma fascinante descoberta: as pessoas que se movimentam mais queimam até 350 calorias extras por dia ¿ o equivalente a mais de 15 quilos por ano. Por isso, acredita, a epidemia de obesidade estaria diretamente ligada à imobilidade do homem moderno. E de nada adianta ir com frequência à academia ou mesmo fazer uma corrida matinal, segundo o especialista, se, ao longo de todo o restante do dia, permanecemos sentados. O risco de engordar e de desenvolver problemas cardíacos e doenças como diabetes permanecerá elevado. Em resumo, passar muito tempo sentado é ruim para a silhueta e a saúde. ¿Nossos ancestrais queimavam tudo o que ingeriam se deslocando, buscando alimento, procurando abrigo, se reproduzindo. Alteramos a nossa maneira natural de viver e nos aprisionamos em cadeiras, atrás de computadores¿, afirma Levine. ¿A solução deve ser nos tornarmos naturalmente mais ativos.¿