Título: E no Pará, Jader ameaça se lançar candidato
Autor: Lima, Maria; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 28/02/2010, O País, p. 8

Impasse entre PT e PMDB deixa quadro no estado indefinido

BRASÍLIA. Ainda fora do eixo Rio/São Paulo/Minas, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, diz que outro caso de difícil solução é o Pará. Por enquanto a chapa está formada com a governadora Ana Júlia Carepa (PT), tendo como candidatos ao Senado o ex-deputado mensaleiro Paulo Rocha (PT), e o deputado Jader Barbalho (PMDB). Mas Jader reclama que seu grupo foi traído por Ana Júlia e ameaça lançar candidatura própria ao governo.

Jader está usando sua maioria na Assembleia para barrar um empréstimo que Ana Júlia quer do BNDES de R$320 milhões para compensar as perdas na arrecadação com a crise. Dutra disse que vem conversando sempre com o peemedebista, mas ainda sem acordo.

- Eu fico duas horas conversando com o Jader, e ele repete sempre que houve quebra de confiança do governo da Ana Júlia com o PMDB. A Ana Júlia diz que não é bem assim - diz Dutra.

A pré-candidata Dilma Rousseff por enquanto está fora das articulações formais, mas, em almoços e jantares com dirigentes dos partidos e também em algumas audiências com ministros, ela tem conversado e pedido apoio.

- Das conversas formais, por enquanto, ela não está participando. Você não leva problema para o candidato, você tem que resolver os problemas - disse Dutra, que está comandando pessoalmente as articulações.

"Ciro deixou uma pequena fresta", diz Arruda sobre SP

Apesar das constantes críticas de Ciro Gomes (PSB-CE) à aliança do PT com o PMDB, José Eduardo Dutra acha que houve, na semana passada, uma evolução positiva da proposta de ele ser o candidato de Dilma ao governo de São Paulo contra o tucano Geraldo Alckmin.

- Ciro não abriu uma porta ou uma janela, mas deixou uma pequena fresta. Com a capacidade que ele tem de aglutinar nove partidos em São Paulo, pode construir uma candidatura competitiva com chances de ameaçar o tucanato em São Paulo e ser um fator muito positivo para Dilma - disse Dutra.

No Mato Grosso do Sul, o PT já desistiu de um acordo com o PMDB e deve mesmo lançar o petista Zeca do PT contra o governador André Puccinelli (PMDB), que já avisou que só daria seu palanque para Dilma se o PT não tivesse candidato.

No Rio Grande do Sul ainda há a possibilidade de Dilma ter mais de um palanque. Além do petista Tarso Genro, o prefeito José Fogaça (PMDB) pode dar palanque a Dilma, além da candidatura do deputado Vieira de Melo (PDT), que é contabilizada como aliada.

- Por enquanto temos um palanque e meio - disse Dutra, ao falar de Tarso Genro e Vieira de Melo.