Título: PT desiste de candidaturas em 12 estados
Autor: Lima, Maria; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 28/02/2010, O País, p. 8

ELEIÇÕES 2010: José Eduardo Dutra começou a percorrer o país para tentar acalmar tanto petistas como aliados

Articulações para garantir apoio a Dilma fazem partido abrir mão de disputa até onde tinha chances reais de vitória

Maria Lima, Adriana Vasconcelos e Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Nas cúpulas do governo e do PT, o pragmatismo para garantir a manutenção da Presidência da República comanda as articulações para formação dos palanques estaduais. Mesmo que, para agradar aos aliados, os petistas tenham que abrir mão de candidaturas com chances reais de vitória. Na política de consolidar o maior arco de apoios possível à candidatura da ministra Dilma Rousseff, o PT dá prioridade às alianças e já desistiu de candidatura própria em 12 estados. Em cinco deles, apoia o PMDB, parceiro considerado fundamental para a vitória sobre os tucanos. Dos dez candidatos próprios que tem, por enquanto, a maioria está no Norte e Nordeste.

O PT está sem candidato em estados considerados as joias da coroa, como São Paulo e Minas, e com os aliados divididos no Rio. Para tentar resolver esses impasses, desde a semana passada o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, peregrina Brasil afora tentando acalmar os que insistem em candidatura própria, e os aliados, que reclamam do apetite petista.

Em Minas, caso mais complicado para o PT

Minas, segundo maior colégio eleitoral, é o caso mais complicado, porque há disputa interna no PT, além do problema com o PMDB. O PT tem dois pré-candidatos, o ministro Patrus Ananias e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. E o PMDB insiste na candidatura do ministro Hélio Costa (Comunicações).

- O melhor caminho para Dilma é a solução negociada no PT, com o PMDB. No momento não há preferência por candidaturas em Minas. A preferência é pelo nome que unificar a candidatura nacional - disse Dutra.

- Os palanques regionais não podem atrapalhar o nacional. Não podemos criar marola. Vamos priorizar a eleição para o Congresso - diz o líder do PT, deputado Fernando Ferro (PE).

No Rio, a ministra tem que administrar o provável palanque duplo. Sérgio Cabral (PMDB) já manifestou contrariedade com a possibilidade de ela subir no palanque do ex-governador Anthony Garotinho (PR). Os emissários de Dilma dizem que ela não pode dispensar apoio.

Apesar da tentativa de mostrar otimismo, o núcleo de campanha do PT identifica problemas sérios em vários estados. Quinta-feira, Dilma atuou para tentar resolver o impasse entre seus aliados na Bahia. Conversou com o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, que insiste em disputar o governo baiano pelo PMDB contra a reeleição do petista Jaques Wagner. Mas a pacificação ainda está longe de ser atingida.

- Não há espaço para acordo. O PT não tem autoridade moral para pedir nada. Meu compromisso é matar ou morrer pela eleição da Dilma. Ela pode não fazer campanha na Bahia, como disse o presidente Lula. Se vier, terá que subir no palanque de Jaques num dia e no meu no outro - disse Geddel.