Título: Ausente nas tragédias domésticas
Autor: Freire, Flávio; Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 02/03/2010, O Mundo, p. 26
BRASÍLIA. A prontidão com que o presidente Lula se dispôs a se deslocar para o Chile para prestar solidariedade às vítimas do terremoto que atingiu o país no sábado se contrapõe à atitude que adotou em outras catástrofes no Brasil. Em dois acidentes aéreos, por exemplo, que vitimaram cerca de 350 pessoas, o presidente sequer foi ao local para prestar condolências aos familiares.
No caso do voo 1907, da GOL, que em setembro de 2006 caiu após se chocar com um Legacy da Embraer pilotado por dois americanos, Lula divulgou uma nota de pesar. No acidente da TAM, em julho de 2007, o presidente demorou três dias para fazer um pronunciamento na TV, lastimando a tragédia e prestando solidariedade às vítimas. Ele só recebeu uma comissão de familiares em agosto.
Com enchentes, ocorreu o mesmo. Em novembro de 2008, por exemplo, 84 pessoas morreram em Santa Catarina.
As cheias atingiram 14 cidades. O presidente demorou pelo menos uma semana para ir ao estado e sobrevoar as áreas. Isso também ocorreu em maio do ano passado, quando a chuva deixou mais de sete mil famílias desabrigadas em 21 municípios do Piauí e também no Maranhão.