Título: Dois dias depois, apelo a ONU e UE
Autor: Freire, Flávio; Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 02/03/2010, O Mundo, p. 26

Governo nega ter recusado ajuda internacional e se reúne com embaixadores SANTIAGO. Desmentindo que tenha recusado ajuda internacional num primeiro momento, o Chile pediu ontem formalmente assistência às Nações Unidas, à União Europeia e a vários países, dois dias depois de parte de seu território ser arrasada por um terremoto de 8,8 graus e por uma tsunami. O governo está pedindo principalmente pontes móveis, equipamentos de telefonia por satélite, hospitais de campanha, equipes de resgate, sistemas de purificação de água e geradores elétricos, enquanto sofre críticas da população pela demora no resgate de vítimas e na chegada de suprimentos.

Coube ao chanceler Mariano Fernández explicar a situação, após uma série de reuniões com representantes dos países latino-americanos e da área do Pacífico e antes de se encontrar com os europeus e árabes. Segundo ele, suas palavras foram mal interpretadas quando o Chile recusou, a princípio, ajuda espontânea: ¿ Eu disse que no primeiro momento não solicitaríamos ajuda até termos uma lista do que realmente necessitamos. A experiência de outros anos e terremotos nos ensinou. E em menos de 24 horas estava feita uma lista ¿ disse Fernández.

As primeiras ajudas começaram a chegar ontem mesmo, com um carregamento de 30 telefones por satélite enviados pela ONU, enquanto mais 40 estavam a caminho, além de alimentos.

A União Europeia anunciou o envio de um grupo de 13 especialistas, além de um módulo de assistência médica.

No Haiti, a comissária europeia para Ajuda Humanitária, Kristalina Georgieva, não descartou viajar para o Chile se fosse necessário.

Na véspera, a Comissão Europeia, órgão executivo da UE, aprovara uma ajuda de emergência de C 3 milhões.

Hillary chega com telefones por satélite Após a visita a Uruguai e Argentina, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, reúnese hoje em Santiago com Bachelet e depois com o presidente eleito, Sebastián Piñera. Na bagagem, leva 20 telefones de comunicação por satélite.

¿ Estamos trazendo parte do que pediram. Um dos maiores problemas tem sido as comunicações, como descobrimos no Haiti ¿ disse Hillary, ainda em Buenos Aires.

Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner anunciou o envio de seis aviões com um hospital de campanha, 55 médicos, três sistemas de purificação de água e quatro geradores de energia. Outros 22 ortopedistas estavam prontos para partir a qualquer momento.

Além disso, governo e empresários argentinos vão enviar alimentos.

A Bolívia, por sua vez, anunciou o envio de 60 toneladas de água e uma campanha para a doação de sangue.

Da Espanha partiu um avião com equipamento para ajuda humanitária, de acordo com pedidos do Chile. Depois de falar com Michelle Bachelet por telefone, a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou o envio de especialistas de proteção civil. Já a Austrália enviará uma ajuda de US$ 1 milhão.

No Peru, uma equipe de resgate composta por 50 pessoas se ofereceu para embarcar, enquanto o governo preparava o envio de 15 toneladas de material: tendas, equipamento de socorro e um hospital de campanha.

O grupo de resgate mexicano Los Topos, formado após o terremoto de 1985, também aguardava uma resposta do Chile para viajar ao país.