Título: Lula oferece ajuda e aviões da FAB para resgate
Autor: Freire, Flávio; Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 02/03/2010, O Mundo, p. 26
Em visita relâmpago a Santiago, presidente anuncia envio de equipes e retirada de brasileiros se aeroporto demorar a reabrir
Flávio Freire, Regina Alvarez e Fábio Fabrini
CONCEPCIÓN (Chile), MONTEVIDÉU e BRASÍLIA. Numa visita relâmpago ontem à noite ao Chile, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com a presidente Michelle Bachelet no aeroporto internacional de Santiago, ofereceu a ajuda do Brasil e procurou tranquilizar os turistas brasileiros que, desde a madrugada de sábado, estão impedidos de deixar o país. Lula, que se tornou o primeiro chefe de Estado a visitar o Chile após o terremoto, afirmou que se houver demora para reabertura dos aeroportos o governo enviará aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para fazer o transporte.
O presidente estava no Uruguai para a posse do presidente José Mujica, cancelou sua agenda oficial e viajou para o Chile, onde se reuniu por uma hora com Bachelet no aeroporto ¿ cuja estrutura foi danificada pelo tremor. Lula anunciou que até amanhã deverão chegar ao Chile equipes brasileiras de resgate, para ajudar na busca de vítimas sob os escombros, e aparelhos de hemodiálise, um dos pedidos feitos diretamente por Bachelet.
¿ Não há falta de aviões, o que tem, na verdade, é um cuidado para não chegar no aeroporto.
A pista está boa, mas estão analisando a estrutura do terminal. Mas eu queria dizer aos brasileiros que fiquem tranquilos, porque a embaixada está atenta e, se recebermos informações de que (o aeroporto) não funcionará logo, daremos um jeito de buscar os brasileiros com os aviões da FAB, assim como trazer os chilenos que estão no Brasil ¿ disse ele.
Brasil está disposto a ajudar financeiramente também No aeroporto, ele informou ainda sobre o plano emergencial do governo brasileiro para ajudar as vítimas do terremoto: ¿ Vim aqui para dizer que o Brasil está disposto a colocar em prática o seu potencial de solidariedade. Nessa hora, só devemos ter paciência para fazer um levantamento real do que é preciso. Já falei com o Brasil e estão vindo dois grupos de resgate, o hospital de campanha sai de lá na quarta-feira e também os aviões Hércules, além de máquinas de hemodiálise.
Lula destacou ainda a relação institucional entre os dois países e sua amizade com a presidente do Chile.
¿ Devemos muito ao povo chileno, principalmente em momentos difíceis da história política, quando fomos acolhidos pelo povo chileno em meio a muitas incertezas ¿ disse ele, emendando: ¿ Depois do governo extraordinário que ela fez, não merecia uma catástrofe, muito menos as vítimas. Mas, como quem tem controle do planeta é Deus, temos que aprender a conviver e trabalhar para que o povo sofra menos.
Em Montevidéu, pouco antes de embarcar para Santiago, Lula disse que o Brasil está disposto a ajudar o Chile financeiramente, mas não havia ainda um pedido oficial nesse sentido .
¿ Acho que esse é o grande papel do Brasil. É a maior economia, portanto a maior população.
É o país mais rico (da região).
Portanto, o Brasil tem que ter esse gesto. A responsabilidade do Brasil por si só é muito grande. O Brasil tem que se apresentar ao mundo como um país generoso, solidário, sobretudo em momentos como esse de catástrofes ¿ disse Lula.
O presidente resolveu antecipar a viagem ao Chile depois de avaliar que a situação é mais grave do que imaginou inicialmente.
Ele disse que o comitê de crise decidira mandar um hospital de campanha e quatro equipes do Corpo de Bombeiros, de São Paulo, Minas e Distrito Federal, para ajudar nas buscas.
A estrutura de apoio será levada em aviões da FAB. A Aeronáutica informou que suas aeronaves têm condições de decolar ¿imediatamente¿. O hospital de campanha da Marinha estava preparado para atender às vítimas do Haiti e também poderá partir logo para o Chile.
Montada em tendas especiais, a unidade de saúde é capaz de fazer exames de baixa e média complexidade, como ultrassom e raio-x. Também pode atender a casos de politraumatismo, tratar doenças infecciosas e realizar amputações, o que é comum em casos de terremoto.
Para Lula, o mais importante agora é salvar vidas. Segundo o presidente, até aquele momento não havia confirmação de brasileiro entre as vítimas