Título: Por aliança com Dilma, PR cobra apoio a Garotinho e palanque duplo no Rio
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 04/03/2010, O País, p. 4
Ministra vai inaugurar com Cabral hospital iniciado na gestão passada
BRASÍLIA e RIO. A cúpula do PR, partido da base aliada do presidente Lula, comunicou ontem à chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a decisão do partido de apoiar sua candidatura presidencial, mas, em troca, cobrou um preço alto: que o candidato do partido ao governo do Amazonas, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), tenha tratamento de aliado preferencial; e que, no Rio, a canditura do ex-governador Anthony Garotinho também seja tratada como da base governista, ainda que não seja a prioritária no estado. Com a proposta, o PR decidiu que não vai retirar a candidatura de Garotinho, como chegou a ser discutido com o PT, comprometido com a reeleição de Sérgio Cabral (PMDB).
O PR também apresentou como fatura o compromisso da candidata governista e do PT de ajudar o partido a aumentar suas bancadas de deputados federais e de senadores.
Para receber a adesão do PR, Dilma ofereceu um almoço em sua casa. O partido deve confirmar o apoio em seu encontro nacional, no dia 5 de abril, quando Nascimento será eleito presidente da legenda. Ontem, integrantes do PR argumentaram que é fundamental manter a candidatura Garotinho. Sem ele, alegaram, seu eleitorado poderia ir para a candidatura presidencial do tucano José Serra e, no estado, para a de Fernando Gabeira (PV-RJ), que concorre ao Palácio Guanabara.
No carnaval, o governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) pediu a Dilma exclusividade no Rio. Mas ontem, segundo relatos, a chefe da Casa Civil teria afirmado que não discriminaria Garotinho. Com isso, Dilma deve ter palanque duplo no Rio.
- Se o Garotinho não sair candidato, seus votos podem ir para o Serra e para o Gabeira. O PT entendeu que é melhor manter a candidatura de Garotinho - disse o vice-líder do governo, deputado Luciano Castro (PR-RR), que participou do almoço.
No Rio, o governador Sérgio Cabral abriu ofensiva para tentar isolar Garotinho. Ele inaugura neste domingo um hospital em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, projeto iniciado na gestão de Garotinho, em 2002. O evento contará com a presença de Dilma Rousseff e do prefeito da cidade, Sandro Matos, do PR. O hospital só começará a funcionar definitivamente em três semanas.
- As obras pararam em 2004. O prédio estava apenas no esqueleto - criticou o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, que vistoriou o local.
O Hospital da Mulher Heloneida Studart terá 127 leitos, com capacidade para 94 mil consultas por ano e atendimentos pré-agendados. Foram investidos cerca de R$13 milhões.